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Abstract
Este artigo pretende contribuir para a discussão sobre o conceito de religião abordando não o que religião seria, mas o que a religião faz, ou seja, sobre seu poder de versar sobre o mundo. O texto religioso (texto compreendido de forma ampla) articula o mundo para além e em oposição ao senso comum, por meio de articulações híbridas (de vários códigos) e complexas, tendendo à polissemia. Trata-se de linguagem do excesso. No entanto, os sujeitos e as comunidades religiosas resistem à arbitrariedade dos signos que compõem seus textos. Afinal, neles se trata de intervenções no mundo, que só são possíveis devido à configuração desses textos. Nada neles é gratuito. Isso também se deve ao fato de que religião não se propõe a apenas a produzir sentido, mas se aplica igualmente à “produção de presença”. Trata-se da conexão promovida pelos textos religiosos entre agentes humanos e os metahumanos, incluindo aí as divindades, os agentes espirituais e ancestrais, mas também objetos, animais e espaços. Este tipo de religiosidade promove conectividade entre os mais diversos agentes, subvertendo classificações convencionais, num total descentramento do humano. Desta forma, entendemos que o estudo dessa textualidade complexa e híbrida, com poder mágico de conectar agentes de diversas ordens, deve ser prioritário para o estudo das religiosidades latino-americanas contemporâneas, incluindo suas vertentes sincréticas das periferias dos centros urbanos.