{"title":"MICRO ELIMINAÇÃO DO VÍRUS DA HEPATITE C EM PORTADORES DE HEMOFILIA NO HEMOCENTRO DE BELO HORIZONTE-MG","authors":"Ricardo Andrade Carmo, Victor Tanure Lino","doi":"10.1016/j.bjid.2023.103074","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Portadores de hemofilia (PH) foram muito expostos ao vírus da hepatite C (VHC) até início dos anos 90. No Hemocentro de Belo Horizonte, maior serviço de referência em Minas Gerais, foi implementada estratégia de micro eliminação da hepatite C seguindo práticas modernas de combate à doença. Os objetivos do estudo foram descrever o cenário epidemiológico local do VHC, as ações de micro eliminação e resultados alcançados. Realizada revisão de prontuários de todos PH cadastrados no serviço (janeiro/1985 a março/2021), análise do status vital (31/03/2021), testagem anti-HCV, carga viral (HCV-RNA), tratamentos antivirais e registro de cura virológica. Após identificação daqueles sem registro de cura virológica, realizou-se capacitação da equipe multiprofissional para identificação dos pacientes no serviço, convite para avaliação com infectologista, fixação de cartazes informativos, busca ativa daqueles ausentes do serviço e divulgação de vídeo médico informativo em rede social local. Dos 881 PH cadastrados, 258 (29,3%) apresentavam anti-HCV reagente, sendo 133 (51,6%) com viremia detectável e 104 (78,2%) do genótipo 1. Entre os 258 PH expostos ao HCV, 90 (34,9%) haviam recebido tratamento antiviral e 87 (33,7%) tinham evoluído para óbito. Dos 171 PH (66,3%) sobreviventes em março/2021, cura virológica foi registrada em 122 (71,3%): 47 (38,5%) de forma espontânea e 75 (61,5%) pós-tratamento. Portanto, em março/2021 restavam 49 PH (19,0%) sem registro de eliminação do HCV. Iniciaram-se, então, os esforços de busca ativa: sete (14,3%) haviam mudado de Estado, um (2,0%) evoluiu para óbito (relacionado à hepatite C). Quinze PH (30,6%) completaram o tratamento antiviral: 09 (18,3%) com cura virológica e 06 (12,2%) aguardando resultado. Mais 03 (6,1%) pacientes receberam a prescrição do tratamento antiviral, porém ainda sem avaliação sobre adesão e/ou cura. Os 23 PH restantes (8,9%) que precisam ser abordados são caracterizados por baixa assiduidade ao serviço e baixa adesão às orientações da equipe multiprofissional. A estratégia de micro eliminação do HCV entre os PH obteve redução de mais de 90% em sua prevalência. A abordagem descentralizada e adaptável, com metas específicas e intervenções personalizadas, tem mostrado resultados promissores. A conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce, tratamento adequado e prevenção da reinfecção é crucial para alcançar resultados sustentáveis a longo prazo.","PeriodicalId":22315,"journal":{"name":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","volume":"18 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-10-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"The Brazilian Journal of Infectious Diseases","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.103074","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Portadores de hemofilia (PH) foram muito expostos ao vírus da hepatite C (VHC) até início dos anos 90. No Hemocentro de Belo Horizonte, maior serviço de referência em Minas Gerais, foi implementada estratégia de micro eliminação da hepatite C seguindo práticas modernas de combate à doença. Os objetivos do estudo foram descrever o cenário epidemiológico local do VHC, as ações de micro eliminação e resultados alcançados. Realizada revisão de prontuários de todos PH cadastrados no serviço (janeiro/1985 a março/2021), análise do status vital (31/03/2021), testagem anti-HCV, carga viral (HCV-RNA), tratamentos antivirais e registro de cura virológica. Após identificação daqueles sem registro de cura virológica, realizou-se capacitação da equipe multiprofissional para identificação dos pacientes no serviço, convite para avaliação com infectologista, fixação de cartazes informativos, busca ativa daqueles ausentes do serviço e divulgação de vídeo médico informativo em rede social local. Dos 881 PH cadastrados, 258 (29,3%) apresentavam anti-HCV reagente, sendo 133 (51,6%) com viremia detectável e 104 (78,2%) do genótipo 1. Entre os 258 PH expostos ao HCV, 90 (34,9%) haviam recebido tratamento antiviral e 87 (33,7%) tinham evoluído para óbito. Dos 171 PH (66,3%) sobreviventes em março/2021, cura virológica foi registrada em 122 (71,3%): 47 (38,5%) de forma espontânea e 75 (61,5%) pós-tratamento. Portanto, em março/2021 restavam 49 PH (19,0%) sem registro de eliminação do HCV. Iniciaram-se, então, os esforços de busca ativa: sete (14,3%) haviam mudado de Estado, um (2,0%) evoluiu para óbito (relacionado à hepatite C). Quinze PH (30,6%) completaram o tratamento antiviral: 09 (18,3%) com cura virológica e 06 (12,2%) aguardando resultado. Mais 03 (6,1%) pacientes receberam a prescrição do tratamento antiviral, porém ainda sem avaliação sobre adesão e/ou cura. Os 23 PH restantes (8,9%) que precisam ser abordados são caracterizados por baixa assiduidade ao serviço e baixa adesão às orientações da equipe multiprofissional. A estratégia de micro eliminação do HCV entre os PH obteve redução de mais de 90% em sua prevalência. A abordagem descentralizada e adaptável, com metas específicas e intervenções personalizadas, tem mostrado resultados promissores. A conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce, tratamento adequado e prevenção da reinfecção é crucial para alcançar resultados sustentáveis a longo prazo.