HISTORIOGRAFIA

Helena Bonito Couto Pereira
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Abstract

As circunstâncias político-econômicas do período ditatorial no Brasil imprimiram suas marcas em todos os setores da vida artístico-literária e cultural. Dentre os autores de narrativas ficcionais que tematizam tais circunstâncias, todavia, poucos alcançaram registro nos principais compêndios de história da literatura brasileira pós-64, como os de Alfredo Bosi (1970), Massaud Moisés (1984-87), Luciana Picchio (1996), José Aderaldo Castello (1999) e Carlos Nejar (2011). Os compêndios reconhecem, adequadamente, a relevância de autores cujo lavor artístico manifesta-se em plenitude, como Clarice Lispector, Raduan Nassar e Osman Lins, ou de escritores como Jorge Amado, Lygia Fagundes Telles e Rubem Fonseca, dentre outros que por diversos motivos alcançaram um público numeroso e fiel. Todavia, poucos são os registros de obras voltadas para a temática da repressão, envolvendo violência, tortura e desaparecimentos políticos. Não houve produção volumosa nessa linha e talvez os escritores tivessem pouca preocupação com o estilo e a linguagem, pois boa parte deles teve por motivação a denúncia dos traumas vividos. Poucas foram as obras publicadas “no calor da hora”, como Em câmara lenta (Renato Tapajós, 1977); outras vieram a público logo após a anistia, em um contexto ainda turbulento, como O que é isso, companheiro? (Fernando Gabeira, 1979) e Batismo de Sangue (Frei Betto, 1983), permanecendo praticamente à margem da história literária brasileira. É surpreendente constatar que, nos decênios seguintes, a mesma temática continuou a produzir frutos que em tempos recentes alcançam inesperada repercussão, como ocorreu com K. Relato de uma busca (Bernardo Kucinski, 2011) ou A resistência (Julián Fuks, 2015). Tais retomadas asseguram uma sobrevida à reflexão, no âmbito da ficção (e, espera-se, na história literária) sobre danos irreparáveis produzidos pelo regime de exceção, que contribuíram – ao contrário do que um certo discurso “oficial” afirmava até recentemente – para a violência, a insegurança e o desrespeito à dignidade do ser humano que se verificam em nosso país na atualidade.
历史
巴西独裁时期的政治经济环境在艺术、文学和文化生活的各个领域都留下了印记。然而,在以这种情况为主题的虚构叙事作家中,很少有作家能在64年后巴西文学史的主要大纲中获得记录,如Alfredo Bosi(1970)、Massaud moises(1984-87)、Luciana Picchio(1996)、jose Aderaldo Castello(1999)和Carlos Nejar(2011)。这些作品充分认识到艺术家的重要性,如克拉丽斯·利斯佩克特(Clarice Lispector)、拉杜安·纳萨尔(Raduan Nassar)和奥斯曼·林斯(Osman Lins),或豪尔赫·阿马多(Jorge Amado)、莱吉亚·法根德斯·泰莱斯(Lygia Fagundes Telles)和鲁本·冯塞卡(Rubem Fonseca)等作家,由于各种原因,他们获得了大量忠实的观众。然而,很少有关于涉及暴力、酷刑和政治失踪的镇压主题的作品记录。在这方面没有大量的作品,也许作者很少关心风格和语言,因为他们中的许多人的动机是谴责他们所经历的创伤。很少有作品是“在炎热的时刻”出版的,比如慢动作(雷纳托tapajos, 1977);还有一些是在特赦后不久在动荡的背景下公开的,比如这是什么,伙计?《血的洗礼》(Fernando Gabeira, 1979)和《血的洗礼》(Frei Betto, 1983)几乎处于巴西文学史的边缘。令人惊讶的是,在接下来的几十年里,同样的主题继续产生成果,最近取得了意想不到的反响,如K. relatos de uma busca (Bernardo Kucinski, 2011)或a resistencia (julian Fuks, 2015)。这样的恢复提供了生存的反射,在小说和文学,历史等,)由系统异常,造成无法弥补的伤害)—与特定的演讲“官方”说直到最近—暴力、不安全感和不尊重人类尊严今天发生在我们国家。
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