Gladir da Silva Cabral, Cláudia Gisele Gomes de Toledo
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Abstract
Este artigo apresenta uma análise da canção “Meu Guri”, de Chico Buarque de Holanda, focando na tensão que há entre a inocência infantil e a experiência, ou a perda da infância, na voragem das desigualdades sociais e da violência urbana. Aponta também para a invisibilidade da mulher pobre, sua condição vulnerável diante da opressão social. A partir de referencial teórico apoiado em Adélia Meneses, bell hooks, Walter Benjamin, Grada Kilomba, Djamila Ribeiro, entre outros, a análise tenta apreender o impacto da ironia de Chico, seus recursos poéticos, seu jogo de linguagem, enquanto desfia o sofrimento patético da persona da canção. Quarenta anos se passaram e a canção não perdeu sua relevância, muito pelo contrário. Tristemente, vivemos num país em que as desigualdades sociais, a intolerância e o desrespeito à mulher e à criança apenas aumentaram. Fica valendo a denúncia do poeta, o chamado ao olhar: “Olha aí! Olha aí!”