{"title":"“Alfineteira humana”? As crianças na ciência do vírus Zika produzida em Recife/PE","authors":"Soraya Fleischer","doi":"10.5216/sec.v26.75242","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Na pandemia do vírus Covid-19, novos fenômenos patológicos despertaram surpresa, horror e curiosidade. O mesmo aconteceu com uma epidemia anterior, a do vírus Zika, entre 2015 e 2016. Vírus, vetor, gestante, feto – para chegar a essa correspondência, aconteceu um “intensivão científico”. Dezenas de cientistas correram para Recife/PE, o epicentro à época, e transformaram as crianças atingidas nos principais sujeitos de pesquisa. Ainda em 2018, entrevistei 13 cientistas do Zika. Em 2021, li os seus 36 artigos científicos publicados a partir de uma pergunta específica: onde e como aparecem as crianças? Como conteúdo, proponho uma leitura etnográfica destes artigos que, mesmo padronizados, sintéticos e herméticos, revelam informações nas entrelinhas. Como forma, farei um experimento literário, seguindo as seções comumente organizadas nesses artigos. Como empiria, sigo uma ordem microscópica até uma ordem macrossocial, da célula à demografia da epidemia. Contudo, a despeito de toda esta ciência feita a partir das crianças, elas continuam invisíveis. Por essas pistas, de conteúdo, forma e empiria, e amparada por expoentes contemporâneas da Antropologia da Ciência, sugiro uma análise sobre os encontros científicos durante a epidemia do Zika ali no Recife.","PeriodicalId":38915,"journal":{"name":"Sociedade e Cultura","volume":"25 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-08-22","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Sociedade e Cultura","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5216/sec.v26.75242","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q4","JCRName":"Arts and Humanities","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Na pandemia do vírus Covid-19, novos fenômenos patológicos despertaram surpresa, horror e curiosidade. O mesmo aconteceu com uma epidemia anterior, a do vírus Zika, entre 2015 e 2016. Vírus, vetor, gestante, feto – para chegar a essa correspondência, aconteceu um “intensivão científico”. Dezenas de cientistas correram para Recife/PE, o epicentro à época, e transformaram as crianças atingidas nos principais sujeitos de pesquisa. Ainda em 2018, entrevistei 13 cientistas do Zika. Em 2021, li os seus 36 artigos científicos publicados a partir de uma pergunta específica: onde e como aparecem as crianças? Como conteúdo, proponho uma leitura etnográfica destes artigos que, mesmo padronizados, sintéticos e herméticos, revelam informações nas entrelinhas. Como forma, farei um experimento literário, seguindo as seções comumente organizadas nesses artigos. Como empiria, sigo uma ordem microscópica até uma ordem macrossocial, da célula à demografia da epidemia. Contudo, a despeito de toda esta ciência feita a partir das crianças, elas continuam invisíveis. Por essas pistas, de conteúdo, forma e empiria, e amparada por expoentes contemporâneas da Antropologia da Ciência, sugiro uma análise sobre os encontros científicos durante a epidemia do Zika ali no Recife.