Joao Guilherme Rocha Machado, Andréa Martini Pineda
{"title":"Sobre Silêncios e Naturalizações: Uma Análise Crítica do Discurso da Formulação do I Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND) (1972-1974)","authors":"Joao Guilherme Rocha Machado, Andréa Martini Pineda","doi":"10.21118/apgs.v15i4.14655","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Objetivo da pesquisa: Interpretar os discursos presentes na formulação do I Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND), a partir das escolhas linguísticas feitas pelo governo militar vigente à época.
 Enquadramento teórico: A base teórica para o artigo está ancorada na Virada Argumentativa e na Análise do Discurso.
 Metodologia: É realizada uma triangulação entre a Análise do Discurso Francesa e a Análise Crítica do Discurso, nas perspectivas de Michel Pêcheux e Norman Fairclough, respectivamente, para examinar o I PND.
 Resultados: O Plano buscou construir o ideário de um “modelo brasileiro de desenvolvimento”, que beneficiaria de forma equilibrada toda a população brasileira. Identificamos a presença de silêncios (não-ditos) no texto do I PND como o contexto não democrático que o Brasil vivia, a não participação dos cidadãos como sujeitos ativos do desenvolvimento nacional e a escolha linguística por vocábulos como Revolução, democracia e índole brasileira. A partir da Formação Ideológica-Discursiva (FID) presente à época, o discurso do I PND reproduziu a dominação da grande burguesia nacional sobre os trabalhadores e do regime militar sobre os grupos opositores, por meio de um texto ideologicamente construído. Ao apresentar-se de forma “naturalizada” como o único modelo brasileiro de desenvolvimento, silencia os rastros do processo de dominação.
 Originalidade: O I PND costuma ser analisado sob uma perspectiva de Economia. O presente artigo buscou um novo olhar, partindo do campo de políticas públicas, ancorado na Virada Argumentativa e na Análise do Discurso para examinar o Plano, com o mesmo rigor e validade acadêmica.
 Contribuições teóricas e práticas: A principal contribuição do trabalho é mostrar como um plano de desenvolvimento econômico, costumeiramente apresentado como técnico e neutro, é atravessado por aspectos discursivos. A Virada Argumentativa, e mais especificamente a Análise do Discurso - usualmente utilizados para analisar políticas sociais – aqui são utilizadas para examinar políticas públicas econômicas.","PeriodicalId":42150,"journal":{"name":"Administracao Publica e Gestao Social","volume":"99 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.2000,"publicationDate":"2023-10-04","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Administracao Publica e Gestao Social","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.21118/apgs.v15i4.14655","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q4","JCRName":"PUBLIC ADMINISTRATION","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Objetivo da pesquisa: Interpretar os discursos presentes na formulação do I Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND), a partir das escolhas linguísticas feitas pelo governo militar vigente à época.
Enquadramento teórico: A base teórica para o artigo está ancorada na Virada Argumentativa e na Análise do Discurso.
Metodologia: É realizada uma triangulação entre a Análise do Discurso Francesa e a Análise Crítica do Discurso, nas perspectivas de Michel Pêcheux e Norman Fairclough, respectivamente, para examinar o I PND.
Resultados: O Plano buscou construir o ideário de um “modelo brasileiro de desenvolvimento”, que beneficiaria de forma equilibrada toda a população brasileira. Identificamos a presença de silêncios (não-ditos) no texto do I PND como o contexto não democrático que o Brasil vivia, a não participação dos cidadãos como sujeitos ativos do desenvolvimento nacional e a escolha linguística por vocábulos como Revolução, democracia e índole brasileira. A partir da Formação Ideológica-Discursiva (FID) presente à época, o discurso do I PND reproduziu a dominação da grande burguesia nacional sobre os trabalhadores e do regime militar sobre os grupos opositores, por meio de um texto ideologicamente construído. Ao apresentar-se de forma “naturalizada” como o único modelo brasileiro de desenvolvimento, silencia os rastros do processo de dominação.
Originalidade: O I PND costuma ser analisado sob uma perspectiva de Economia. O presente artigo buscou um novo olhar, partindo do campo de políticas públicas, ancorado na Virada Argumentativa e na Análise do Discurso para examinar o Plano, com o mesmo rigor e validade acadêmica.
Contribuições teóricas e práticas: A principal contribuição do trabalho é mostrar como um plano de desenvolvimento econômico, costumeiramente apresentado como técnico e neutro, é atravessado por aspectos discursivos. A Virada Argumentativa, e mais especificamente a Análise do Discurso - usualmente utilizados para analisar políticas sociais – aqui são utilizadas para examinar políticas públicas econômicas.