“Cada qual é o mais distante de si mesmo”

Nicolas Quérini
{"title":"“Cada qual é o mais distante de si mesmo”","authors":"Nicolas Quérini","doi":"10.1590/2316-82422023v4402nq","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Resumo: Gostaríamos de questionar a recuperação e inversão da fórmula de Terêncio \"eu sou o mais próximo de mim\", nos termos de Nietzsche: \"Jeder ist sich selbst der Fernste (cada qual é o mais distante de si mesmo), que encontramos no primeiro parágrafo do Prefácio à Genealogia da Moral. Propomos aqui um comentário a este parágrafo que é acompanhado por uma interpretação desta fórmula, com base no contexto em que aparece. Gostaríamos, assim, de questionar o modo como Nietzsche articula essa fórmula com a dificuldade do autoconhecimento, sobre a qual insiste o início da Genealogia. Nietzsche nos diz imediatamente que esse ideal délfico nunca foi alcançado porque a empresa na realidade nunca foi realmente tentada. Será então que o início da Genealogia realmente busca impedir todo autoconhecimento (porque tudo seria possível conhecer, menos a si mesmo), ou não há outra forma mais interessante de ouvir essa fórmula de que estamos mais distantes de nós mesmos? Gostaríamos de mostrar duas coisas a esse respeito: em primeiro lugar, que o autoconhecimento não é proibido aqui por Nietzsche, mas que ele nos convida a pensá-lo de maneira diferente e, em segundo lugar, que a fórmula segundo a qual \"cada qual é o mais distante de si mesmo” também pode ser entendida como uma injunção para manter o eu sempre à distância. As duas dimensões estão então ligadas, pois sustentamos que o autoconhecimento no sentido clássico pode e deve ser positivamente substituído em Nietzsche por uma interpretação de si e que essa interpretação nunca deve ser pensada precisamente como um empreendimento voltado para a apreensão de si .de uma vez por todas, o que equivaleria a reificá-lo, tirando-o do devir.","PeriodicalId":31393,"journal":{"name":"Cadernos Nietzsche","volume":"25 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Cadernos Nietzsche","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.1590/2316-82422023v4402nq","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0

Abstract

Resumo: Gostaríamos de questionar a recuperação e inversão da fórmula de Terêncio "eu sou o mais próximo de mim", nos termos de Nietzsche: "Jeder ist sich selbst der Fernste (cada qual é o mais distante de si mesmo), que encontramos no primeiro parágrafo do Prefácio à Genealogia da Moral. Propomos aqui um comentário a este parágrafo que é acompanhado por uma interpretação desta fórmula, com base no contexto em que aparece. Gostaríamos, assim, de questionar o modo como Nietzsche articula essa fórmula com a dificuldade do autoconhecimento, sobre a qual insiste o início da Genealogia. Nietzsche nos diz imediatamente que esse ideal délfico nunca foi alcançado porque a empresa na realidade nunca foi realmente tentada. Será então que o início da Genealogia realmente busca impedir todo autoconhecimento (porque tudo seria possível conhecer, menos a si mesmo), ou não há outra forma mais interessante de ouvir essa fórmula de que estamos mais distantes de nós mesmos? Gostaríamos de mostrar duas coisas a esse respeito: em primeiro lugar, que o autoconhecimento não é proibido aqui por Nietzsche, mas que ele nos convida a pensá-lo de maneira diferente e, em segundo lugar, que a fórmula segundo a qual "cada qual é o mais distante de si mesmo” também pode ser entendida como uma injunção para manter o eu sempre à distância. As duas dimensões estão então ligadas, pois sustentamos que o autoconhecimento no sentido clássico pode e deve ser positivamente substituído em Nietzsche por uma interpretação de si e que essa interpretação nunca deve ser pensada precisamente como um empreendimento voltado para a apreensão de si .de uma vez por todas, o que equivaleria a reificá-lo, tirando-o do devir.
“每个人都离自己最远”
摘要:我们想要质疑特伦斯公式“我是最接近我的”的恢复和逆转,用尼采的话来说:“Jeder ist sich selbst der Fernste(每个人都离自己最远),这是我们在《道德谱系》序言的第一段中发现的。”我们建议对这一段作出评论,并根据出现的上下文对这一公式作出解释。因此,我们想要质疑尼采是如何用自我认识的困难来表达这个公式的,这是家谱学的开始所坚持的。尼采立即告诉我们,这个德尔菲理想从未实现,因为公司从未真正尝试过。那么,谱系学的开始真的是为了阻止所有的自我认识(因为除了自我,一切都有可能知道),还是没有其他更有趣的方式来听到这个公式,即我们离自己更遥远?要展示在这个问题上的两件事情。第一,自知不是尼采禁止的,但他让我们想到的不同,第二,配方,各人都是最遥远的自己”也可以被理解为一个禁令,让我总是保持距离。两个维度有关系,因为维持自我意识的传统意义上可以,必须积极取代尼采的解释,这个解释不应被认为正如我没收你的回来,从企业once and for all,援助在reificá他,除了他的未来。
本文章由计算机程序翻译,如有差异,请以英文原文为准。
求助全文
约1分钟内获得全文 求助全文
来源期刊
自引率
0.00%
发文量
9
审稿时长
30 weeks
×
引用
GB/T 7714-2015
复制
MLA
复制
APA
复制
导出至
BibTeX EndNote RefMan NoteFirst NoteExpress
×
提示
您的信息不完整,为了账户安全,请先补充。
现在去补充
×
提示
您因"违规操作"
具体请查看互助需知
我知道了
×
提示
确定
请完成安全验证×
copy
已复制链接
快去分享给好友吧!
我知道了
右上角分享
点击右上角分享
0
联系我们:info@booksci.cn Book学术提供免费学术资源搜索服务,方便国内外学者检索中英文文献。致力于提供最便捷和优质的服务体验。 Copyright © 2023 布克学术 All rights reserved.
京ICP备2023020795号-1
ghs 京公网安备 11010802042870号
Book学术文献互助
Book学术文献互助群
群 号:481959085
Book学术官方微信