{"title":"A ironia romântica e a educação do olhar: uma reflexão sobre a obra de José Saramago","authors":"Shirley de Souza Gomes Carreira","doi":"10.18309/ranpoll.v53i3.1804","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo propõe uma reflexão sobre a ironia em obras de José Saramago, não apenas como estratégia retórica, mas principalmente como ironia romântica. Desde Memorial do Convento, Saramago teceu um elo entre as intrusões dos seus narradores e um projeto subliminar de educação do olhar que veio a se revelar explicitamente por meio da epígrafe de Ensaio sobre a cegueira. Ao usar ostensivamente o discurso irônico que David Muecke (1995) categoriza como instâncias de ironia situacional e ironia verbal, Saramago aponta para “valores éticos [que] nascem entranhados no valor estético” (GRAÇA apud JAMES, 1995, p.11); valores que continuam a interpelar o passado e o presente. Assim, o artigo propõe a análise do ethos irônico que se manifesta nos romances de Saramago como presentificação da mundividência do autor.","PeriodicalId":41303,"journal":{"name":"Revista da Anpoll","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2023-02-16","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista da Anpoll","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.18309/ranpoll.v53i3.1804","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"LANGUAGE & LINGUISTICS","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este artigo propõe uma reflexão sobre a ironia em obras de José Saramago, não apenas como estratégia retórica, mas principalmente como ironia romântica. Desde Memorial do Convento, Saramago teceu um elo entre as intrusões dos seus narradores e um projeto subliminar de educação do olhar que veio a se revelar explicitamente por meio da epígrafe de Ensaio sobre a cegueira. Ao usar ostensivamente o discurso irônico que David Muecke (1995) categoriza como instâncias de ironia situacional e ironia verbal, Saramago aponta para “valores éticos [que] nascem entranhados no valor estético” (GRAÇA apud JAMES, 1995, p.11); valores que continuam a interpelar o passado e o presente. Assim, o artigo propõe a análise do ethos irônico que se manifesta nos romances de Saramago como presentificação da mundividência do autor.