Samuel José Amaral de Jesus, Edna Maria de Araújo, Aloísio Machado da Silva Filho
{"title":"Anos potenciais de vida perdidos por homicídio na Bahia, segundo raça/cor da pele, 2001-2016: aspectos epidemiológicos e temporais","authors":"Samuel José Amaral de Jesus, Edna Maria de Araújo, Aloísio Machado da Silva Filho","doi":"10.22278/2318-2660.2023.v47.n3.a3703","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Os homicídios se destacam entre as mortes violentas como a principal causa de óbito no país, por conta do crescimento acelerado e da vitimização da população jovem, que constitui as principais vítimas. Esse quadro conduz a uma perda maior de anos potenciais de vida – indicador que quantifica o número de anos não vividos decorrentes da mortalidade precoce –, e se agrava quando se analisam os diferenciais de raça/cor da pele, que determinam a desigualdade entre segmentos raciais. O estado da Bahia ganha evidência pelos altos índices de homicídio, pois abrange grande parte dos municípios com os maiores níveis de criminalidade. Este estudo avaliou a mortalidade por homicídio nas cidades de Feira de Santana e Salvador, entre os anos de 2001 e 2016, segundo a raça/cor da pele. Para tanto, foi empregado o indicador “anos potenciais de vida perdidos” (APVP) e foi feita a análise da tendência temporal das taxas de APVP para os municípios do estudo, utilizando o modelo de regressão linear com correção de Prais-Winsten. As fontes de dados do estudo foram o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A análise estatística envolveu medidas descritivas com ênfase no indicador, e a análise temporal foi realizada conforme a variação das taxas. No total, ocorreram 22.818 óbitos por homicídio, que equivaleram a uma perda de 940.288 anos potenciais de vida e uma taxa de 2.664,1 anos por 100.000 habitantes. Os jovens negros do sexo masculino constituíram as principais vítimas, perdendo 23,3 vezes mais anos potenciais de vida que os brancos. Muitas das mortes ocorreram em vias públicas, e o principal instrumento para a agressão foi a arma de fogo. Foi encontrada tendência crescente para as variáveis (β1 > 0) e houve autocorrelação nos resíduos quando aplicado o teste de Durbin-Watson, o que justifica o método de Prais-Winsten. As taxas de APVP apresentaram variação percentual anual (VPA) de 10% (β1 > 0, p-valor < 0,05) para Feira de Santana e 6,4% (β1 > 0, p-valor < 0,05) para Salvador. Com este estudo, espera-se que haja uma atualização do cenário de mortalidade por homicídio no estado da Bahia que colabore para as reflexões sobre o tema, para a superação das iniquidades sociais em saúde e para o estímulo à prevenção, a fim de trazer mudanças no panorama de mortalidade de jovens no país.","PeriodicalId":496878,"journal":{"name":"Revista Baiana de Saúde Pública","volume":"6 2","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-11-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Baiana de Saúde Pública","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.22278/2318-2660.2023.v47.n3.a3703","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Os homicídios se destacam entre as mortes violentas como a principal causa de óbito no país, por conta do crescimento acelerado e da vitimização da população jovem, que constitui as principais vítimas. Esse quadro conduz a uma perda maior de anos potenciais de vida – indicador que quantifica o número de anos não vividos decorrentes da mortalidade precoce –, e se agrava quando se analisam os diferenciais de raça/cor da pele, que determinam a desigualdade entre segmentos raciais. O estado da Bahia ganha evidência pelos altos índices de homicídio, pois abrange grande parte dos municípios com os maiores níveis de criminalidade. Este estudo avaliou a mortalidade por homicídio nas cidades de Feira de Santana e Salvador, entre os anos de 2001 e 2016, segundo a raça/cor da pele. Para tanto, foi empregado o indicador “anos potenciais de vida perdidos” (APVP) e foi feita a análise da tendência temporal das taxas de APVP para os municípios do estudo, utilizando o modelo de regressão linear com correção de Prais-Winsten. As fontes de dados do estudo foram o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A análise estatística envolveu medidas descritivas com ênfase no indicador, e a análise temporal foi realizada conforme a variação das taxas. No total, ocorreram 22.818 óbitos por homicídio, que equivaleram a uma perda de 940.288 anos potenciais de vida e uma taxa de 2.664,1 anos por 100.000 habitantes. Os jovens negros do sexo masculino constituíram as principais vítimas, perdendo 23,3 vezes mais anos potenciais de vida que os brancos. Muitas das mortes ocorreram em vias públicas, e o principal instrumento para a agressão foi a arma de fogo. Foi encontrada tendência crescente para as variáveis (β1 > 0) e houve autocorrelação nos resíduos quando aplicado o teste de Durbin-Watson, o que justifica o método de Prais-Winsten. As taxas de APVP apresentaram variação percentual anual (VPA) de 10% (β1 > 0, p-valor < 0,05) para Feira de Santana e 6,4% (β1 > 0, p-valor < 0,05) para Salvador. Com este estudo, espera-se que haja uma atualização do cenário de mortalidade por homicídio no estado da Bahia que colabore para as reflexões sobre o tema, para a superação das iniquidades sociais em saúde e para o estímulo à prevenção, a fim de trazer mudanças no panorama de mortalidade de jovens no país.