Maria Raquel Gomes Maia Pires, Rebeca Nunes Guedes de Oliveira
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Abstract
RESUMO Discutir, a partir da filosofia de Adorno, a negatividade do cuidado no enfrentamento do discurso da “cuidadora natural” na profissão; exercitar a análise discursiva desse estereótipo a partir do triedro negativo do cuidar (descuidar, confrontar, arrepiar). Estudo teórico que articula a dialética negativa com a biopolítica do cuidar no corpo. A negatividade do cuidado, como crítica imanente que emerge da dialética entre ajuda e poder, visa ao arrepio diante do sofrimento do corpóreo, resíduo da natureza violentada por práticas discursivas culturais. Aplicamos o referencial metodológico do cuidar para descuidar, confrontar, arrepiar na análise do rótulo para aflorar a não identidade entre a realidade da enfermagem e a afirmação da cuidadora natural. Confrontamos as injustiças invisibilizadas no preconceito de que as mulheres seriam naturalmente predestinadas a prover o bem-estar dos outros. Refletimos sobre as contradições e os sofrimentos de mulheres, enfermeiras ou não, invisibilizados na alardeada amorosidade do cuidado. Propomos o arrepio como metáfora ao descuidado, uma negatividade crítica que se abre ao estranho coagido e mutilado no corpo humano.