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Abstract
O presente artigo analisa a trama originada pelo furto de uma carteira que pertencia a Franklin Dória, um promotor da cidade de Cachoeira, no Recôncavo da Bahia, em 1864. O principal suspeito, Lúcio, era escravizado da tia do promotor, tendo supostamente confiado a quantia subtraída – um conto e oitocentos mil réis – à sua própria tia, Petronilla, que teria usado o dinheiro para se alforriar, adquirir tecidos, joias em ouro e para agradar o seu amásio, Piranduba, um calafate livre apontado como cúmplice do delito. A pesquisa que segue, portanto, mostra como esse furto pode revelar os limites e fragilidades da política de domínio senhorial, evidenciando a agência das pessoas escravizadas. Para tanto, foram consultados: cartas íntimas, a literatura, um livro de memória, um inventário, relatos de viajantes, depoimentos, registros policiais, processos-crime, petições, legislações e assentamento de batismo.