{"title":"Colonialidade e Comunalidade: produção de (des)conhecimento sobre normas de reciprocidade na África portuguesa (1890-1974)","authors":"Joana Pereira","doi":"10.14195/0870-4147_54_4","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo foca a evolução dos discursos coloniais sobre as práticas comunitárias observadas na África Portuguesa ao longo do período de ocupação efetiva, compulsando os estudos etnográficos dos “usos e costumes indígenas” produzidos entre 1890 e 1974. A primeira parte avalia criticamente os contextos de produção destas pesquisas, procurando historiar a relação entre políticas e representações coloniais. A segunda parte ilustra a evolução da ciência colonial, sobretudo no segundo pós-guerra e influenciada pelas tendências internacionais. Conclui que o conhecimento produzido desafia as representações do primitivismo indígena que legitimava as políticas de expolição e subjugação, oferecendo evidências empíricas sobre um complexo sistema de normas de gestão e reciprocidade entre as comunidades locais. Estes avanços, porém, não tiveram quaisquer repercussões a nível legal, mantendo-se vedado o acesso à propriedade e à livre disposição dos recursos naturais pelos indígenas, mesmo após a extinção formal do regime de indigenato.","PeriodicalId":410847,"journal":{"name":"Revista Portuguesa de História","volume":"10 20","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-11-10","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Portuguesa de História","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.14195/0870-4147_54_4","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este artigo foca a evolução dos discursos coloniais sobre as práticas comunitárias observadas na África Portuguesa ao longo do período de ocupação efetiva, compulsando os estudos etnográficos dos “usos e costumes indígenas” produzidos entre 1890 e 1974. A primeira parte avalia criticamente os contextos de produção destas pesquisas, procurando historiar a relação entre políticas e representações coloniais. A segunda parte ilustra a evolução da ciência colonial, sobretudo no segundo pós-guerra e influenciada pelas tendências internacionais. Conclui que o conhecimento produzido desafia as representações do primitivismo indígena que legitimava as políticas de expolição e subjugação, oferecendo evidências empíricas sobre um complexo sistema de normas de gestão e reciprocidade entre as comunidades locais. Estes avanços, porém, não tiveram quaisquer repercussões a nível legal, mantendo-se vedado o acesso à propriedade e à livre disposição dos recursos naturais pelos indígenas, mesmo após a extinção formal do regime de indigenato.