{"title":"QUAL CIÊNCIA É NEGADA NAS REDES SOCIAIS? REFLEXÕES DE UMA PESQUISA ETNOGRÁFICA EM UMA COMUNIDADE VIRTUAL NEGACIONISTA","authors":"Gabriela Fasolo Pivaro, Gildo Girotto Jr","doi":"10.22600/1518-8795.ienci2022v27n1p435","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Considerando o contexto histórico da pós-verdade no qual nos inserimos, que possui como uma de suas características movimentos de ataque à credibilidade da ciência inflados em redes sociais por motivações políticas de líderes extremistas, buscamos nessa pesquisa analisar como esse discurso pode influenciar as concepções sobre a construção do conhecimento científico dos usuários das redes sociais digitais. Realizamos uma etnografia no Twitter, acompanhando uma comunidade de usuários comumente associada ao negacionismo, contendo o presidente brasileiro Jair Bolsonaro e seus aliados. Encontramos quatro categorias de discurso dos usuários, que denominamos: a ciência versus “ciência”; uma correlação egocentrada de variáveis; um pedido excessivo de fontes; e para além da crença imediata. Essas categorias mostram concepções que envolvem a ideia da existência de uma ciência neutra, a construção de uma forma de conhecimento que não busca estruturar generalizações e uma ausência de análise crítica própria do usuário. Defendemos que compreender como o ataque à ciência é propagado nas redes sociais e como os discursos negacionistas influenciam as concepções sobre ciência e construção do conhecimento científico é essencial para se pensar em estratégias específicas de letramento científico e, deste modo, trazemos argumentos e reflexões sobre tais aspectos no contexto da pós-verdade frente ao combate à proliferação massiva de desinformação nas redes.","PeriodicalId":101883,"journal":{"name":"Investigações em Ensino de Ciências","volume":"100 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-05-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"2","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Investigações em Ensino de Ciências","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2022v27n1p435","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Considerando o contexto histórico da pós-verdade no qual nos inserimos, que possui como uma de suas características movimentos de ataque à credibilidade da ciência inflados em redes sociais por motivações políticas de líderes extremistas, buscamos nessa pesquisa analisar como esse discurso pode influenciar as concepções sobre a construção do conhecimento científico dos usuários das redes sociais digitais. Realizamos uma etnografia no Twitter, acompanhando uma comunidade de usuários comumente associada ao negacionismo, contendo o presidente brasileiro Jair Bolsonaro e seus aliados. Encontramos quatro categorias de discurso dos usuários, que denominamos: a ciência versus “ciência”; uma correlação egocentrada de variáveis; um pedido excessivo de fontes; e para além da crença imediata. Essas categorias mostram concepções que envolvem a ideia da existência de uma ciência neutra, a construção de uma forma de conhecimento que não busca estruturar generalizações e uma ausência de análise crítica própria do usuário. Defendemos que compreender como o ataque à ciência é propagado nas redes sociais e como os discursos negacionistas influenciam as concepções sobre ciência e construção do conhecimento científico é essencial para se pensar em estratégias específicas de letramento científico e, deste modo, trazemos argumentos e reflexões sobre tais aspectos no contexto da pós-verdade frente ao combate à proliferação massiva de desinformação nas redes.