{"title":"Quais vidas são choráveis?","authors":"Marcielly Cristina Moresco","doi":"10.29146/eco-ps.v26i01.27731","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"\nDurante a pandemia global da Covid-19, expressões virtuais do luto combinaram réquiem e obituários com álbum-relicários, transpondo a informação das vítimas reduzida a números, materializando-as, politizando o direito ao luto e acomodando de forma ubíqua as memórias vivas. São histórias e rostos de mulheres que tiveram o luto interditado ou não são consideradas vidas choráveis. Este artigo explora o relicário de mulheres materializado no perfil do Instagram chamado @reliquia.rum. A análise a partir das condições enlutáveis de Judith Butler compreende que o relicário virtual rompe com a realidade enquadrada nas notícias de mortes como apenas dígitos. E conclui que os enquadramentos resultantes das imagens e narrativas em @reliquia.rum rompem consigo mesmos, pois possibilitam o reconhecimento e a inteligibilidade daquela vida, podendo ser enlutada coletivamente e pressupondo, enfim, uma vida que importa.\n","PeriodicalId":286404,"journal":{"name":"Revista ECO-Pós","volume":"63 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista ECO-Pós","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.29146/eco-ps.v26i01.27731","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Durante a pandemia global da Covid-19, expressões virtuais do luto combinaram réquiem e obituários com álbum-relicários, transpondo a informação das vítimas reduzida a números, materializando-as, politizando o direito ao luto e acomodando de forma ubíqua as memórias vivas. São histórias e rostos de mulheres que tiveram o luto interditado ou não são consideradas vidas choráveis. Este artigo explora o relicário de mulheres materializado no perfil do Instagram chamado @reliquia.rum. A análise a partir das condições enlutáveis de Judith Butler compreende que o relicário virtual rompe com a realidade enquadrada nas notícias de mortes como apenas dígitos. E conclui que os enquadramentos resultantes das imagens e narrativas em @reliquia.rum rompem consigo mesmos, pois possibilitam o reconhecimento e a inteligibilidade daquela vida, podendo ser enlutada coletivamente e pressupondo, enfim, uma vida que importa.