No mar brasileiro agitado pela COVID-19, não estamos todos no mesmo barco

L. P. S. E. Souza, Antônia Gonçalves de Souza
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Abstract

A pandemia da COVID-19 é a pior crise sanitária do século. Inicialmente, parecia consenso que o SARS-CoV-2 não escolhia classe, raça ou região, espalhando-se rapidamente de um corpo para o outro, contudo, as maneiras como os corpos estão dispostos no mundo variam a partir de marcadores sociais de desigualdades. No Brasil, a doença colocou em destaques importantes iniquidades já existentes, que seguiram seu curso com a pandemia (com alguns agravamentos); e, neste artigo, discutem-se algumas delas. Avaliando as medidas para contenção do vírus, ao mesmo tempo que visam proteger um determinado segmento da sociedade, deixam outros completamente desprotegidos, destacando-se os que não têm acesso à internet; desempregados; trabalhadores informais; os pretos e pardos; os de menor renda e escolaridade; os que residem no Norte e Nordeste. A pandemia no Brasil tem classe social, raça, cor e região; e, nesse mar agitado por ela, algumas pessoas estão em navios com serviços all inclusive, outras em lanchas, uma parte em barcos a remo, e outros tantos atravessando a nado. O país precisa pensar sobre qual projeto usar para enfrentamento da pandemia: seria um projeto que olha para as vulnerabilidades ou será o que segue em curso - deixando morrer uma parte da população, principalmente, a mais pobre? Além dos desafios da doença, o país ainda vivencia o impasse de ter um comandante do navio despreparado, cuja postura é claramente anticientífica e negacionista, deixando o navio à deriva. Discutir os princípios do Sistema Único de Saúde – SUS se faz importante, para garantir que sejam legitimados neste momento. A adoção de políticas públicas para superação das desigualdades é urgente, com forte participação social, possibilitando que esses grupos estejam mais fortalecidos para encararem desafios futuros; dando, no mínimo, condições mais dignas para atravessarem outros mares ou tempestades - caso sobrevivam ao mar revolto da COVID-19.
在受COVID-19影响的巴西海域,我们并非都在同一条船上
COVID-19大流行是本世纪最严重的卫生危机。最初,人们似乎一致认为,SARS-CoV-2不选择阶级、种族或地区,而是迅速从一个身体传播到另一个身体,然而,身体在世界上的排列方式因不平等的社会标记而不同。在巴西,这一疾病突出了已经存在的重要不平等现象,这些不平等现象随着大流行而继续存在(有些恶化);本文将讨论其中一些问题。评估控制病毒的措施,在旨在保护社会某一特定部分的同时,却完全不受保护,特别是那些无法上网的人;失业;非正式员工;黑色和棕色的;低收入和受教育程度较低的人;居住在北部和东北部的人。巴西的流行病有社会阶层、种族、肤色和地区;在这汹涌的大海中,有些人在提供全方位服务的船上,有些人在快艇上,有些人在划艇上,还有很多人在游泳。这个国家需要考虑使用什么项目来应对这一流行病:它是一个着眼于脆弱性的项目,还是一个正在进行的项目——让一部分人口,尤其是最贫穷的人死亡?除了疾病的挑战,这个国家仍然面临着一个毫无准备的船长的僵局,他的立场显然是不科学的和否定的,让船漂流。讨论统一卫生系统(SUS)的原则是很重要的,以确保它们在这个时候是合法的。迫切需要通过公共政策来克服不平等,并有强有力的社会参与,使这些群体能够更强大地面对未来的挑战;至少为穿越其他海域或风暴提供更有尊严的条件——如果他们能在COVID-19的汹涌大海中幸存下来的话。
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