O Brasileiro e o seu ego-carro: uma visão sociológica européia sobre o ato de dirigir em um "país do futuro"

Martin Gegner
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Abstract

O transporte urbano e um tema bastante incomum para uma analise sociologica - nao apenas no Brasil. Considera-se o assunto pertencente ao planejamento urbano e nao a sociologia. Estabelecer o planejamento urbano modernista como modelo hegemonico apos a 2a Guerra Mundial, tinha o intuito de garantir o fluxo rapido e individual com o carro proprio. Mas, alem dessa aproximacao funcional, o transporte e tambem um fato social. O trânsito constitui o espaco publico - especialmente no Brasil. Dificilmente podemos observar codigos e condutas sociais em outros lugares que na sociedade brasileira sao tao explicitas: a grande diferenca de classes e a violencia cotidiana. Enquanto sociologos normalmente se referem a violencia como o numero crescente de assaltos armados nas cidades brasileiras, este artigo focaliza formas de violencia em nivel menor: a violencia de motoristas de carros contra transeuntes mais fracos nas ruas do Pais, tais como pedestres, ciclistas e motoqueiros. Com base na metodologia da Sociologia Visual (Gegner 2007), esta abordagem de pesquisa tambem integra metodos etnograficos na linha de Claude Levi-Strauss (1955). A alienacao cientifica do pesquisador encontra apoio na lacuna cultural entre as tradicoes urbanas europeias e brasileiras. Isso possibilita a discussao critica de habitos e circunstâncias que sao "normais" para a maioria dos brasileiros e que, portanto, nao sao sequer questionadas. Assim, o "olho sociologico" (Hughes, 1971) da Escola de Chicago e reforcado pela alienacao "natural" do pesquisador. Para os olhos europeus - acostumados a codigos bem diferentes na sociabilidade do trânsito - os habitos brasileiros nas ruas parecem ser uma violacao constante aos direitos humanos, como o direito a integridade pessoal e o direito de viver sem medo. Como o transporte urbano e um espaco social dominante na vida da maioria dos brasileiros, seus efeitos na psique dos individuos nao podem ser negados. Esse artigo ressalta que agressividade e contra-agressao no trânsito sao um sintoma, mas nao a causa. Esta esta enraizada em problemas estruturais da sociedade brasileira. A explicacao hipotetica para este "nivel menor de violencia" esta no planejamento urbano modernista. Uma vez que foi implantado de forma mais drastica no Brasil, os efeitos psicologicos dos habitantes tambem sao mais drasticos: combinando a constituicao psicologica individual, com base na grande diferenca de classes e desigualdade social, os individuos de destaque dentro do planejamento modernista, os motoristas de carro, quase nao mostram nenhum respeito pelo "outro", comportando-se como "donos" das ruas.
巴西人和他的自我汽车:欧洲社会学对在“未来国家”驾驶行为的看法
城市交通是社会学分析中一个相当不寻常的话题——不仅仅是在巴西。它被认为是城市规划的主题,而不是社会学。第二次世界大战后,现代主义城市规划作为一种霸权模式,旨在确保快速和个人的流动与自己的汽车。但除了这种功能方法,交通也是一个社会事实。交通是公共空间,尤其是在巴西。在巴西社会的其他地方,我们很难观察到如此明确的社会规范和行为:巨大的阶级差异和日常暴力。虽然社会学家通常将暴力称为巴西城市中越来越多的武装抢劫,但本文关注的是较低层次的暴力形式:汽车司机对该国街道上较弱的行人的暴力,如行人、骑自行车的人和摩托车手。基于视觉社会学的方法论(Gegner 2007),该研究方法也整合了Claude Levi-Strauss(1955)的民族志方法。研究人员的科学异化得到了欧洲和巴西城市传统之间文化差距的支持。这使得批判性地讨论习惯和环境成为可能,这些习惯和环境对大多数巴西人来说是“正常的”,因此甚至没有受到质疑。因此,芝加哥学派的“社会学之眼”(Hughes, 1971)被研究者的“自然”异化所强化。在欧洲人的眼里,巴西人在街道上的习惯似乎是对人权的持续侵犯,比如个人完整的权利和无所畏惧的生活权利。由于城市交通是大多数巴西人生活中的主要社会空间,它对个人心理的影响是不可否认的。本文强调,交通中的攻击性和反攻击性是一种症状,而不是原因。这根植于巴西社会的结构性问题。对这种“较低水平的暴力”的假设解释来自现代主义城市规划。一次更drastica移植的巴西居民的影响也最drasticos:宪法对个人心理,结合大阶级差别和社会不平等的基础上,在个人的地位的提升,现代主义,司机的车,几乎不显示任何尊重另一个街道的,表现为“主人”。
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