Michelle Castro da Silva Holanda, Marta Genú Soares
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Abstract
A Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) tem como princípio colocar o estudante diante de situações que o faz despertar a curiosidade em buscar novos conceitos e informações que se tornam relevantes no aprendizado, favorecendo a autonomia, capacidade de aprender a aprender, aprender a fazer e o aprender a fazer. Tal método tem sido amplamente utilizado nas graduações da área da saúde, como ferramenta de ensino que se acredita capaz de promover a formação de profissionais críticos, reflexivos e humanistas, alinhados com a mudança de paradigma de atenção da saúde, uma vez que a compreensão da Saúde como um direito e um processo de “afirmação da vida” – requer profissionais com um compromisso ético efetivo com os usuários e um modelo de atenção que seja centrado no usuário e nas suas necessidades, por conseguinte, torna-se imperativo que ocorram transformações dos processos de ensino. Diante disso, é relevante nos indagarmos se a mudança paradigmática na saúde está alinhada com as transformações no paradigma da ciência, e em face disto, o presente artigo tem como motivação as seguintes reflexões: o ensino em saúde deixou de ser baseado na perspectiva cartesiana e positivista da ciência? As metodologias ativas de aprendizagem dão conta de prover uma transformação no ensino em saúde? Especificamente, a ABP configura-se como uma estratégia de ensino que favorece uma visão holística da saúde do sujeito? Na tentativa de obter estas respostas, faremos um passeio pela epistemologia, perpassando pela racionalidade clássica e moderna. A partir da presente pesquisa, observamos que apesar das mudanças nas estratégias de ensino-aprendizagem que valorizam o sujeito aluno na construção autônoma do conhecimento, a ABP parece não ser suficiente para modificar o foco do aprendizado, eminentemente científico e até burocrático, e portanto não deixou de ser baseado na perspectiva cartesiana e positivista da ciência, e talvez por isso não dê conta de prover uma transformação no ensino em saúde no sentido da atenção integral e na visão holística da saúde do sujeito, rompendo verdadeiramente do paradigma da saúde.