Jovenília Coelho Gomes, Keila Fernandes Pontes Queiroz, Ilana Maria Brasil do Espírito Santo, Francisco Lucas de Lima Fontes
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Abstract
INTRODUÇÃO: Os serviços de saúde são espaços complexos e a prestação de cuidados nesses ambientes não está isenta de riscos, os quais são intensificados por deficiências estruturais e erros durante a execução do processo de trabalho. As falhas associadas a esses cuidados resultam em contratempos significativos no tempo de internação do paciente e nos gastos hospitalares, além de repercutir nos índices de mortalidade intra e após alta hospitalar. À vista disso, é relevante apresentar os aspectos que caracterizam as mortes decorrentes das complicações de cuidados médico-cirúrgicos, a fim de compreender o perfil dos pacientes vulneráveis à ocorrência desses eventos. OBJETIVO: Caracterizar a mortalidade por acidentes resultantes da prestação de cuidados médico-cirúrgicos. MÉTODOS: Estudo epidemiológico descritivo e retrospectivo do tipo ecológico, desenvolvido por meio do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), vinculado ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A categoria da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) adotada foi “Acidentes durante a prestação de cuidados médicos e cirúrgicos”, que contempla os CID-10 Y60 a Y69. Coletaram-se as variáveis: região do país, unidade da federação, ano do óbito, sexo, raça/cor, faixa etária e local de ocorrência da morte. A análise dos dados ocorreu mediante estatística descritiva simples. O coeficiente de mortalidade geral por ano foi calculado empregando-se o total dos óbitos dividido pela população brasileira, multiplicado por cem mil. RESULTADOS: Verificou-se a ocorrência de 2.295 mortes por acidentes resultantes da prestação de cuidados médico-cirúrgicos. O ano com maior coeficiente de mortalidade refere-se a 2019 (0,333/100 mil hab.) e o menor em 2013 (0,077/100 mil hab.), com média de 230 mortes nos dez anos analisados. Percebeu-se também um aumento paulatino de mortes no período de 2015 a 2019. Entre as cinco regiões do país, a Sudeste apresentou quase metade dos casos (48,2%). Percebeu-se baixo número de mortes na região Norte (n=48), que pode ter ocorrido em virtude de subnotificações de casos. Relativo às unidades da federação, destacaram-se São Paulo (21,9%), Minas Gerais (16,8%) e Paraná (9,5%) com maior concentração de óbitos, fato que pode ser explicado porque esses estados estão entre os cinco mais populosos do Brasil. Com relação às características demográficas, 61,9% das vítimas eram do sexo feminino, com idades entre 20 a 49 anos (66,9%) e notificadas no sistema como brancas em 60,8% das vezes. Concernente ao local de ocorrência da morte, 64,2% vieram a óbito em ambiente hospitalar e 23,7% no próprio domicílio. CONCLUSÃO: Pôde-se observar que a maior concentração de óbitos nos dez anos analisados encontra-se na população adulta de 20 a 49 anos (teoricamente ativa), branca e do sexo feminino. Quase metade dos casos concentrou-se em uma única região em decorrência desta possuir estados populosos que encabeçaram o ranking de maior número de mortes por cuidados médico-cirúrgicos. É relevante o aperfeiçoamento da metodologia de notificação mediante sistema minucioso para reconhecimento de fatores de risco conforme o perfil de cada indivíduo que necessita de assistência dos serviços de saúde, com a inserção de outras variáveis como a existência de comorbidades.