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Abstract
Este artigo objetiva analisar um conjunto de documentos autógrafos produzidos pelo segundo e último imperador do Brasil, D. Pedro II (1825–1891), que denota o interesse e a íntima relação do estadista brasileiro com a intelectualidade e cultura norte-americana a partir da década de 1850. O dossiê genético, composto por cartas, extratos de diários e manuscritos autógrafos, permite vislumbrar uma cadeia de influências recebidas e transmitidas entre a corte brasileira e a república norte-americana, fruto das interações sociais estabelecidas por D. Pedro II com a elite cultural estrangeira. A produção literária do monarca, materializada em exercícios de tradução, constitui um ponto relevante nessa dinâmica das relações e primeiras trocas intelectuais de D. Pedro II, pois possibilitou o acesso a autores de grande prestígio e circulação no meio literário americano, nesse caso, os poetas Henry Wadsworth Longfellow e John Greenleaf Whittier. Sob a ótica de uma leitura genética, essas traduções dão indícios do continuum criativo e dos instantes discursivos do vir a ser texto, sendo também instrumentos primeiros de compartilhamento de gostos estéticos, de padrões de referência e da própria noção de tradução do imperador entre os membros da corte.