Rodrigo César Floriano, José Henrique Fonseca Franco, R. R. Oliveira
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Abstract
O trabalho analisa as relações entre discurso e ser estabelecidas de forma dialética por Platão em seu diálogo tardio Sofista. Os sofistas defendiam a impossibilidade de provar a falsidade ou veracidade dos discursos. Tais pensadores baseavam-se no interdito ontológico de Parmênides de Eleia, que preconizava, em linhas gerais, a existência de uma estrita correspondência entre tudo que pode ser dito e o ser, de forma que seria, assim, impossível, dizer algo que não é, ou seja, um não-ser. Contrariando tal perspectiva e fazendo uso do método da diaíresis – em que os seres são caracterizados por suas diferenças mais fundamentais –, o Sofista se desenrola revisitando e revisando as teorias ontológicas de seu tempo, a fim de explorar uma nova forma de pensar a relação entre os seres. Platão assegura, com isso, a possibilidade de análise qualitativa do discurso predicativo e define, consequentemente, o erro como desarmonia entre o dizer e o ser. Para tamanha empreitada, o filósofo explica como se dá o entrelaçamento na relação de ser e não-ser, relação mediada pelas seguintes categorias fundamentais: ser, mesmo, outro, movimento e repouso. A partir disso, a dialética é finalmente constituída como a técnica correta de diferenciação entre os predicados possíveis de comunicação com cada sujeito. Graças aos resultados filosóficos dessa empreitada, iniciaram-se as reflexões que levaram Aristóteles a instrumentalizar as análises da linguagem.