{"title":"CRISES E POLÍTICA ECONÔMICA EM MODELOS DE OFERTA E DEMANDA AGREGADAS","authors":"S. Kappes, S. Pessoa","doi":"10.18542/cepec.v12i1.15174","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Manuais de economia geralmente apresentam modelos que tendem a favorecer uma visão de livre mercado da economia. Afirmações como “alta dívida pública atrapalha o crescimento econômico”, “salário mínimo causa desemprego”, “política econômica só tem impacto no curto prazo” e “deflação ajuda economia a sair da recessão” estão frequentemente presentes nos livros didáticos. No entanto, há um esforço acadêmico recente dedicado a criticar essas visões de livre mercado. Exemplos recentes são as críticas de Peter Bofinger aos manuai de Gregory Mankiw e o livro de Emiliano Brancaccio e Andrea Califano, Anti-Blanchard Macroeconomics. O objetivo do presente artigo é contribuir para esse esforço, expandindo a análise dos últimos autores. Isso será feito considerando uma gama mais ampla de suposições no famoso modelo de Oferta e Demanda Agregadas (AS-AD). Em relação à curva AD, apresentamos duas formas alternativas de obtê-la: a derivação padrão usando um modelo IS-LM, e um procedimento alternativo considerando uma função de reação do banco central. Além disso, mudanças em algumas premissas, principalmente relacionadas às expectativas dos agentes sobre preços de ativos e endividamento geral, levam a curvas AD com inclinação vertical ou ascendente, além da forma usual de inclinação descendente. A curva AS, por sua vez, pode ser ascendente ou horizontal. Exploramos todas as combinações dessas diferentes formas e analisamos os impactos de choques econômicos negativos e de políticas expansionistas. Em todos os exercícios, avaliamos o impacto de duas hipóteses alternativas relativamente ao mark-up das empresas: pode ser constante ou flexível, implicando, respetivamente, preços flexíveis ou preços constantes. Em alguns exercícios, taxas de mark-up constantes criam uma capacidade de auto-recuperação na economia, no sentido de que ela volta ao nível de produção anterior após um choque negativo. No entanto, também pode levar a espirais inflacionárias ou deflacionárias, dependendo da inclinação da curva AD. Taxas de mark-up flexíveis, por outro lado, aumentam a eficácia das políticas expansionistas.","PeriodicalId":293576,"journal":{"name":"Cadernos CEPEC","volume":"97 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-08-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Cadernos CEPEC","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.18542/cepec.v12i1.15174","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Manuais de economia geralmente apresentam modelos que tendem a favorecer uma visão de livre mercado da economia. Afirmações como “alta dívida pública atrapalha o crescimento econômico”, “salário mínimo causa desemprego”, “política econômica só tem impacto no curto prazo” e “deflação ajuda economia a sair da recessão” estão frequentemente presentes nos livros didáticos. No entanto, há um esforço acadêmico recente dedicado a criticar essas visões de livre mercado. Exemplos recentes são as críticas de Peter Bofinger aos manuai de Gregory Mankiw e o livro de Emiliano Brancaccio e Andrea Califano, Anti-Blanchard Macroeconomics. O objetivo do presente artigo é contribuir para esse esforço, expandindo a análise dos últimos autores. Isso será feito considerando uma gama mais ampla de suposições no famoso modelo de Oferta e Demanda Agregadas (AS-AD). Em relação à curva AD, apresentamos duas formas alternativas de obtê-la: a derivação padrão usando um modelo IS-LM, e um procedimento alternativo considerando uma função de reação do banco central. Além disso, mudanças em algumas premissas, principalmente relacionadas às expectativas dos agentes sobre preços de ativos e endividamento geral, levam a curvas AD com inclinação vertical ou ascendente, além da forma usual de inclinação descendente. A curva AS, por sua vez, pode ser ascendente ou horizontal. Exploramos todas as combinações dessas diferentes formas e analisamos os impactos de choques econômicos negativos e de políticas expansionistas. Em todos os exercícios, avaliamos o impacto de duas hipóteses alternativas relativamente ao mark-up das empresas: pode ser constante ou flexível, implicando, respetivamente, preços flexíveis ou preços constantes. Em alguns exercícios, taxas de mark-up constantes criam uma capacidade de auto-recuperação na economia, no sentido de que ela volta ao nível de produção anterior após um choque negativo. No entanto, também pode levar a espirais inflacionárias ou deflacionárias, dependendo da inclinação da curva AD. Taxas de mark-up flexíveis, por outro lado, aumentam a eficácia das políticas expansionistas.