Andréia Mendes dos Santos, Ana Carolina Brandão Veríssimo, Paloma Rodrigues Cardozo
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Abstract
Este artigo busca discutir o tempo e as infâncias contemporâneas, com base no protagonismo de seus principias atores, as crianças, a partir de três conceitos centrais: o devir-criança, a experiência e o cotidiano. Aos estudos sobre o devir-criança agregamos as concepções de “geração” e “alteridade”, a partir da Sociologia da Infância, e a experiência considerada do e no cotidiano foi tomada para sustentar o encontro com o outro, no pressuposto de que a relação social, que ocorre no cotidiano, possui função fundante sobre o indivíduo e, com isso, suas práticas sociais tornam-se experiências produtoras de subjetividade. Sendo assim, experiência e cotidiano constituem-se como princípios fundamentais na infância. Por meio deles as crianças podem fazer, sentir e criar, produzindo cultura, fruto do protagonismo infantil. A questão que nos inquieta se refere às implicações do tempo da e na infância, com base nas diferenças do tempo real e subjetivo para as crianças e nas consequências da eminente ausência da experiência do gozo deste para as novas infâncias, traduzida pela falta do ócio, do brincar livre, do prazer e da criatividade. A articulação entre os conceitos de devir-criança, experiência e cotidiano no tempo da e na infância nos permite perceber que na infância contemporânea desapareceram os tempos livres e abreviaram-se outros tempos. “Cadê a infância que estava aqui? O gato comeu” remete a uma brincadeira infantil e denuncia a ausência do tempo nas e das infâncias, tempo esse real e ao mesmo tempo simbólico, ambos necessário para que a criança vivencie as experiências que lhe constituirão como cidadão.