{"title":"Um jantar quase perfeito: cultura alimentar e socialização em um momento de crise","authors":"I. A. Ribeiro","doi":"10.35953/RACA.V2I2.81","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"No dia 11 de março de 2020, após o número de casos de Covid-19, doença causada pelo novo Coronavírus, aumentar expressivamente em territórios fora da China, a OMS declarava oficialmente a doença como uma Pandemia. A partir da necessidade do isolamento social para o controle da disseminação viral, esta narrativa se constrói a partir da experiência de duas brasileiras e três franceses que residiram, durante um período, na mesma casa, localizada no município de Niterói, Rio de Janeiro. Na primeira semana de isolamento social, o abastecimento de gêneros alimentícios e a necessidade da construção de um ambiente alimentar eram as questões que atingiam ambas nacionalidades. Ademais, há a reprodução do “Jantar quase perfeito”, show de entretenimento da televisão francesa, como resposta à monotonia alimentar que surge à certa altura do confinamento. Através das preparações culinárias realizadas por cada um dos cinco moradores da casa, percebeu-se como certas comidas remetiam à territórios, à determinados grupos sociais, a momentos em família, à contextos culturais específicos relacionados a experiência de vida individual, sem que a estas concepções estivessem desassociados reflexões sobre a desigualdade de acesso à uma alimentação adequada que atinge grande parte da população brasileira. Por fim, com as barreiras físicas do isolamento social impostas pela Pandemia do novo Coronavírus, a comida expressava naquele espaço suas mais profundas dimensões de sociabilidade, entre aqueles que podiam partilhá-la presencialmente. Trazendo à luz a reflexão de que indivíduos se alimentam também através de símbolos, preenchidos com a história e identidade de cada um.","PeriodicalId":276580,"journal":{"name":"The Journal of the Food and Culture of the Americas","volume":"75 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2020-12-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"The Journal of the Food and Culture of the Americas","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.35953/RACA.V2I2.81","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
No dia 11 de março de 2020, após o número de casos de Covid-19, doença causada pelo novo Coronavírus, aumentar expressivamente em territórios fora da China, a OMS declarava oficialmente a doença como uma Pandemia. A partir da necessidade do isolamento social para o controle da disseminação viral, esta narrativa se constrói a partir da experiência de duas brasileiras e três franceses que residiram, durante um período, na mesma casa, localizada no município de Niterói, Rio de Janeiro. Na primeira semana de isolamento social, o abastecimento de gêneros alimentícios e a necessidade da construção de um ambiente alimentar eram as questões que atingiam ambas nacionalidades. Ademais, há a reprodução do “Jantar quase perfeito”, show de entretenimento da televisão francesa, como resposta à monotonia alimentar que surge à certa altura do confinamento. Através das preparações culinárias realizadas por cada um dos cinco moradores da casa, percebeu-se como certas comidas remetiam à territórios, à determinados grupos sociais, a momentos em família, à contextos culturais específicos relacionados a experiência de vida individual, sem que a estas concepções estivessem desassociados reflexões sobre a desigualdade de acesso à uma alimentação adequada que atinge grande parte da população brasileira. Por fim, com as barreiras físicas do isolamento social impostas pela Pandemia do novo Coronavírus, a comida expressava naquele espaço suas mais profundas dimensões de sociabilidade, entre aqueles que podiam partilhá-la presencialmente. Trazendo à luz a reflexão de que indivíduos se alimentam também através de símbolos, preenchidos com a história e identidade de cada um.