{"title":"Um Ocidente ao sabor do vento","authors":"D. Roque","doi":"10.23906/ri2020.66r01","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"https://doi.org/10.23906/ri2020.66r01 novos territórios do Ocidente. Os quinze anos antecedentes ao discurso de Macmi‐ llan correspondem a um tempo em que as soberanias dos territórios coloniais já esta‐ vam ameaçadas. Como Valentim Alexandre deixa evidente, as potências europeias não foram apanhadas de surpresa. Ou seja, de certa forma e ironicamente, Macmillan não inaugura nem profetiza coisa alguma, pois o vento há muito que já se fazia sentir, primeiro na Ásia e depois em África. Por sua vez o «contra» presente no título representa a posição que o regime vigente adotou e na qual era acompanhado. Por‐ tugal não estava só, nem ignorava o novo tempo. Salazar, num discurso de 1957, falava nas «inclemências do nosso tempo» que «impediriam de realizar o nosso pro‐ grama em África», demonstrando saber o que aí vinha. Também as principais potên‐ cias coloniais europeias – França, Reino Unido e Bélgica–, como Valentim Alexan‐ dre demonstra, procuraram manter as suas posses no curto e médio prazo e construir sociedades multirraciais; o desenrolar dos acontecimentos é que foi mais rápido que o tempo programado, obrigando as potên‐ O livro de Valentim Alexandre, investigador jubilado do Instituto de Ciências Sociais (ics) e autor de obras de referência sobre o colonialismo português, aborda o tempo histórico de um período que se pode considerar ser o início da descolonização; ou, se assim se entender, do processo que vai conduzir à descoloni‐ zação. Na década e meia em questão, Valentim Alexandre analisa, debate e descreve primorosamente a temática. O «vento» referido no título da obra e alusivo aos famo‐ sos «Winds of Change» mencionados pelo primeiro‐ ‐ministro britânico Harold Macmillan em 1960, primeiro num discurso em Acra e mais tarde na Cidade do Cabo, remete para as mudanças que se fizeram sentir nos velhos VALENTIM ALEXANDRE Contra o Vento: Portugal, o Império e a Maré Anticolonial (1945-1960)","PeriodicalId":351727,"journal":{"name":"Relações Internacionais","volume":"9 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2020-06-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Relações Internacionais","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.23906/ri2020.66r01","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
https://doi.org/10.23906/ri2020.66r01 novos territórios do Ocidente. Os quinze anos antecedentes ao discurso de Macmi‐ llan correspondem a um tempo em que as soberanias dos territórios coloniais já esta‐ vam ameaçadas. Como Valentim Alexandre deixa evidente, as potências europeias não foram apanhadas de surpresa. Ou seja, de certa forma e ironicamente, Macmillan não inaugura nem profetiza coisa alguma, pois o vento há muito que já se fazia sentir, primeiro na Ásia e depois em África. Por sua vez o «contra» presente no título representa a posição que o regime vigente adotou e na qual era acompanhado. Por‐ tugal não estava só, nem ignorava o novo tempo. Salazar, num discurso de 1957, falava nas «inclemências do nosso tempo» que «impediriam de realizar o nosso pro‐ grama em África», demonstrando saber o que aí vinha. Também as principais potên‐ cias coloniais europeias – França, Reino Unido e Bélgica–, como Valentim Alexan‐ dre demonstra, procuraram manter as suas posses no curto e médio prazo e construir sociedades multirraciais; o desenrolar dos acontecimentos é que foi mais rápido que o tempo programado, obrigando as potên‐ O livro de Valentim Alexandre, investigador jubilado do Instituto de Ciências Sociais (ics) e autor de obras de referência sobre o colonialismo português, aborda o tempo histórico de um período que se pode considerar ser o início da descolonização; ou, se assim se entender, do processo que vai conduzir à descoloni‐ zação. Na década e meia em questão, Valentim Alexandre analisa, debate e descreve primorosamente a temática. O «vento» referido no título da obra e alusivo aos famo‐ sos «Winds of Change» mencionados pelo primeiro‐ ‐ministro britânico Harold Macmillan em 1960, primeiro num discurso em Acra e mais tarde na Cidade do Cabo, remete para as mudanças que se fizeram sentir nos velhos VALENTIM ALEXANDRE Contra o Vento: Portugal, o Império e a Maré Anticolonial (1945-1960)