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Abstract
Com base em pesquisa realizada na cidade de São Paulo, este artigo debate as vulnerabilidades sexuais e em saúde de mulheres transexuais e travestis negras, considerando também outros fatores de produção de desigualdades, como raça, gênero, classe e sexualidade, numa perspectiva de articulação desses marcadores. Os dados revelam que a primeira relação sexual praticada por esse público aconteceu predominantemente antes dos 17 anos (para 60% de travestis e 30% de transexuais), de modo que a maioria das travestis era negra. Grande parte dessas pessoas foi acometida por violência sexual (42,9% das transexuais na infância e 50% das travestis na adolescência), majoritariamente as negras. A pesquisa mostra que a população trans feminina negra alegou maiores cuidados de prevenção sexual que as brancas, seja no uso de camisinha ou nas vacinações. Tais resultados, somados aos dados de violências física, verbal e simbólica nas esferas – principalmente públicas – da educação, do trabalho, da vida social e da saúde, geram um intenso debate sobre o modo como o pouco suporte estatal e as discriminações vividas nos locais de assistência, podem afastar mulheres transexuais e travestis negras do cuidado e impulsionar sua exposição a relações sexuais precoce e a violências cotidianas, o que promove condições que reverberam no decorrer de suas trajetórias, trazendo ao mesmo tempo limites e potencialidades.