Maria Adriana Da Silva Azevedo, Maurício Neves-Corrêa
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Abstract
A transculturação neste artigo será pensada para analisar a produção imaginária da imagem e da narrativa da Mãe d’água(Iara) na Revista em quadrinhos Encantarias: a lenda da noite(2005). Busca-se investigar o cotidiano feminino dos diversos povos autóctones, em consonância com pesquisas bibliográficas sobre relatos de viajantes europeus (Hans Staden, Jean de Lery, Pero Vaz de Caminha), que observaram a cultura indígena na América Latina colonial materializando a produção de imagens estereotipadas no período compreendido pelos séculos XVI e XVII. Essas estão representadas na figura de Iara, em Encantarias: a lenda da noite.Nessa obra, observa-se a produção da imagem de uma mulher baseada na cultura europeia, pois os cronistas poucos se importavam com a cultura das terras conquistadas, observando os povos originários pelo viés europeu. Assim, a narrativa sobre o cotidiano ameríndio são valiosas, mas direcionadas aos interesses da colonização e da conversão ao cristianismo. Tais narrativas representam os índios como selvagem, com costumes bárbaros e incivilizados, como forma de legitimar a conquista da América. Nesse sentido, pretende-se analisar, neste texto , as descrições imaginárias da figura indígena feminina, as quais sofreram influências da tradição religiosa ocidental com valores muito distantes da realidade americana. Para fundamentar minhas reflexões teóricas, tomo como referência o fenômeno da transculturação pensado por cubano Fernando Ortiz, em sua obra Contrapunteo cubano del azúcar del tabaco (1940)[1], e pelo uruguaio Ángel Rama, a partir de sua obra Transculturación narrativa en América Latina (2004).
[1] O conceito de transculturação foi fundamentado em 1940, mas a obra foi publicada pela primeira vez em 1983.