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Abstract
Franklin Cascaes, nascido em 1908, ressentia-se a cada novo impacto destruidor do antigo ambiente natural e cultural provocado pela modernização da Ilha de Santa Catarina. Como folclorista, percorreu as comunidades de lavradores e pescadores, registrando o que sobrava da tradição em práticas sobreviventes ou na memória. Como artista autodidata, verteu em formas de arte suas investigações, misturadas à sua própria imaginação, suas fantasias e vivências de homem do lugar. O artigo trata de abordar dois escopos de imagens criadas pelo artista folclorista: esculturas para representar atividades do cotidiano; desenhos pelos quais inventava iconografias para entes fantásticos. Nessa seleção de imagens, tomadas em sua dinâmica performática, mostra-se que Cascaes, afetado por uma consciência histórica moderna, criou representações para seu mundo perdido, movido pelo sonho de que elas pudessem substituir as coisas de outrora. Por fim, com base nas reflexões do historiador e filósofo neerlandês Frank Ankersmit, mostram-se aproximações entre a prática desse artista folclorista com a história. As imagens produzidas pela arte de Franklin Cascaes, com a pretensão de ser “presença”, de se “apresentar”, no lugar daquilo queé representado, cria um parentesco com uma discussão historiográfica atual: deseja-se uma escrita da história que produza uma sensação de proximidade com o passado, que produza efeitos de presença, de encontro sinestésico do historiador e do seu leitor com as coisas de outrora.