M. C. G. D. O. Lima, Eduarda Sousa Machado, Emanuel Cintra Austregésilo Bezerra, Maria Clara Tomaz Feijão, Aline Diogo Marinho
{"title":"REVISÃO NARRATIVA ACERCA DOS ACHADOS FISIOPATOLÓGICOS DA DOENÇA DE CASTLEMAN, COM DESTAQUE PARA A CLÍNICA E A HISTOPATOLOGIA","authors":"M. C. G. D. O. Lima, Eduarda Sousa Machado, Emanuel Cintra Austregésilo Bezerra, Maria Clara Tomaz Feijão, Aline Diogo Marinho","doi":"10.51161/hematoclil/24","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: A doença de Castleman (DC) foi descrita em 1954 por Benjamin Castleman, que identificou pacientes com linfonodos mediastinais hiperplásicos. Trata-se de uma disfunção linfoproliferativa policlonal, frequentemente associada ao HIV e HHV-8. Considera-se uma doença rara, e os estudos epidemiológicos sobre a sua incidência são escassos. Objetivos: Caracterizar as evidências clínicas e histopatológicas recentes da DC. Material e métodos: Revisão narrativa realizada na base de dados Pubmed, utilizando o descritor: Castleman disease. Foram incluídos artigos originais e de revisão, publicados entre 2017 e 2021, em inglês, e excluídos trabalhos que não abordavam sinais clínicos e histopatológicos. Resultados: Foram encontrados 598 resultados mediante o descritor utilizado, quantidade restrita para 172 estudos quando considerado o recorte temporal de 2017-2021, dos quais foram selecionados 10 trabalhos tidos como mais relevantes. Clinicamente, existem duas versões da doença: unicêntrica, em que apenas um linfonodo está acometido e que é assintomática, e multicêntrica, na qual há potencial sintomatologia diversa devido ao acometimento disseminado, incluindo anemia, anorexia, sudorese noturna, perda ponderal, febre e hepatoesplenomegalia. Achados imunohistoquímicos encontrados sugerem intensa resposta inflamatória, com ativação imune e produção excessiva da IL-6, estando as manifestações clínicas dessa doença, principalmente na sua versão idiopática e multicêntrica, muitas vezes relacionadas aos níveis dessa e de outras citocinas (IL-1 e TNF-α) no organismo. Entretanto, essa elevação não é patognomônica para DC, ocorrendo apenas em parte dos casos. Na forma multicêntrica, também pode haver proliferação policlonal dos linfócitos B, estimulando o aparecimento de manifestações autoimunes como a síndrome POEMS (polineuropatia, organomegalia, endocrinopatia, gamopatia monoclonal e alterações cutâneas). Histopatologicamente, apresenta três classificações de acordo com a visualização dos tecidos linfóides, mediante a técnica de coloração H&E. A forma hialinovascular caracteriza-se por folículos com zona do manto expandida e linfócitos formando anéis concêntricos, circundando centros germinativos bastante vascularizados. Já a forma plasmocítica, apresenta desestruturação da arquitetura linfonodal, com hiperplasia do centro germinativo e intensa plasmocitose. Por fim, existe a histopatologia mista, com características combinadas dos subtipos supracitados. Conclusão: Embora o conhecimento sobre a patogênese da DC tenha se aprimorado substancialmente, percebe-se que ainda há heterogeneidade entre os estudos, demandando o incentivo a novas pesquisas.","PeriodicalId":212401,"journal":{"name":"Anais do II Congresso Brasileiro de Hematologia Clínico-laboratorial On-line","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-03-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Anais do II Congresso Brasileiro de Hematologia Clínico-laboratorial On-line","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.51161/hematoclil/24","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Introdução: A doença de Castleman (DC) foi descrita em 1954 por Benjamin Castleman, que identificou pacientes com linfonodos mediastinais hiperplásicos. Trata-se de uma disfunção linfoproliferativa policlonal, frequentemente associada ao HIV e HHV-8. Considera-se uma doença rara, e os estudos epidemiológicos sobre a sua incidência são escassos. Objetivos: Caracterizar as evidências clínicas e histopatológicas recentes da DC. Material e métodos: Revisão narrativa realizada na base de dados Pubmed, utilizando o descritor: Castleman disease. Foram incluídos artigos originais e de revisão, publicados entre 2017 e 2021, em inglês, e excluídos trabalhos que não abordavam sinais clínicos e histopatológicos. Resultados: Foram encontrados 598 resultados mediante o descritor utilizado, quantidade restrita para 172 estudos quando considerado o recorte temporal de 2017-2021, dos quais foram selecionados 10 trabalhos tidos como mais relevantes. Clinicamente, existem duas versões da doença: unicêntrica, em que apenas um linfonodo está acometido e que é assintomática, e multicêntrica, na qual há potencial sintomatologia diversa devido ao acometimento disseminado, incluindo anemia, anorexia, sudorese noturna, perda ponderal, febre e hepatoesplenomegalia. Achados imunohistoquímicos encontrados sugerem intensa resposta inflamatória, com ativação imune e produção excessiva da IL-6, estando as manifestações clínicas dessa doença, principalmente na sua versão idiopática e multicêntrica, muitas vezes relacionadas aos níveis dessa e de outras citocinas (IL-1 e TNF-α) no organismo. Entretanto, essa elevação não é patognomônica para DC, ocorrendo apenas em parte dos casos. Na forma multicêntrica, também pode haver proliferação policlonal dos linfócitos B, estimulando o aparecimento de manifestações autoimunes como a síndrome POEMS (polineuropatia, organomegalia, endocrinopatia, gamopatia monoclonal e alterações cutâneas). Histopatologicamente, apresenta três classificações de acordo com a visualização dos tecidos linfóides, mediante a técnica de coloração H&E. A forma hialinovascular caracteriza-se por folículos com zona do manto expandida e linfócitos formando anéis concêntricos, circundando centros germinativos bastante vascularizados. Já a forma plasmocítica, apresenta desestruturação da arquitetura linfonodal, com hiperplasia do centro germinativo e intensa plasmocitose. Por fim, existe a histopatologia mista, com características combinadas dos subtipos supracitados. Conclusão: Embora o conhecimento sobre a patogênese da DC tenha se aprimorado substancialmente, percebe-se que ainda há heterogeneidade entre os estudos, demandando o incentivo a novas pesquisas.