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Abstract
Pretende-se estabelecer no artigo um paralelo, sob uma abordagem comparativa, entre as protagonistas da tragédia Antígona, de Sófocles, e da narrativa “Matamoros (da fantasia)”, de Hilda Hilst. Devotada ao irmão Polinices, Antígona transgride as leis da cidade para obedecer tão somente ao imperativo do seu desejo, ventilado por Jacques Lacan (2008) e sugerido na tradução de Trajano Vieira (2009). Imbuída pelo ímpeto de uma heroína trágica, Maria Matamoros segue a sua paixão irredutível pela figura de Meu, abandonando-se a um gesto de autoflagelo. Com base na leitura de Davi Andrade Pimentel (2009), o castigo em si mesma a aproxima, em certa medida, das tragédias gregas. Sob um páthos excessivo e arrebatador, as protagonistas conduzem as suas escolhas até os últimos limites. Tendo em vista o vínculo entre o sacrifício e o amor (Bataille, 2017), ambos os enredos retratam a entrega amorosa como uma legítima experiência de transgressão e de destruição. Em suma, a paixão confunde as fronteiras entre eros e a morte.