{"title":"FARDA TAMBÉM É COISA DE MULHER: ESTUDO DE CASO DA DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO DA GUARDA CIVIL MUNICIPAL DE PARANAGUÁ/PR","authors":"M. Souza, M. Machado","doi":"10.5380/gestus.v4i0.86059","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O presente trabalho tem como objetivo analisar a Divisão Sexual do Trabalho na Guarda Civil Municipal de Paranaguá, profissão marcada por uma estrutura de participação majoritariamente masculina. Instituído em 1998, no município de Paranaguá, no Paraná, o primeiro edital de concurso público previa um número diferente de vagas entre os gêneros, com a efetivação de 17 mulheres e 37 homens. Este artigo teve como objetivo indagar como essas diferenças entre os gêneros são percebidas na instituição, quais as expectativas e trajetórias dessas mulheres até chegar à GCM e como as condições de vida e trabalho se apresentam no cotidiano dessas trabalhadoras. A revisão bibliográfica a partir de pesquisas já realizadas no âmbito da Sociologia do Trabalho, da Divisão Sexual do Trabalho e militarização foram o ponto de partida para posterior estudo da legislação que ampara a Guarda Civil Municipal, analisando cronologicamente as mudanças das leis desde 1998. Dessa forma, a metodologia utilizada neste trabalho é um estudo de caso, que se divide em três etapas: análise do referencial teórico, levantamento da construção estrutural do objeto de análise e aplicação de entrevistas e análise do discurso dos sujeitos, a partir de autores como Foucault (2014), Bourdieu (2002), Danièle Kergoat (2003) e Helena Hirata (2007). As entrevistas realizadas revelaram que, mesmo na contemporaneidade, as mulheres integradas em instituições de serviços que expõem o indivíduo a riscos iminentes desempenham funções que ainda reproduzem as representações consolidadas sobre trabalho tido como “feminino” – sendo inferiorizadas e até subjugadas na execução dos serviços, colocadas, em sua maioria, em funções administrativas e excluídas da execução de funções mais valorizadas na corporação. Tais evidências reforçam a necessidade da colaboração entre a gestão pública e a legislação, com a aplicação de ações cotidianas nas instituições, rompendo efetivamente com as assimetrias de gênero na organização do trabalho.","PeriodicalId":424124,"journal":{"name":"Gestus - Caderno de Administração e Gestão Pública","volume":"10 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-05-20","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Gestus - Caderno de Administração e Gestão Pública","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5380/gestus.v4i0.86059","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
O presente trabalho tem como objetivo analisar a Divisão Sexual do Trabalho na Guarda Civil Municipal de Paranaguá, profissão marcada por uma estrutura de participação majoritariamente masculina. Instituído em 1998, no município de Paranaguá, no Paraná, o primeiro edital de concurso público previa um número diferente de vagas entre os gêneros, com a efetivação de 17 mulheres e 37 homens. Este artigo teve como objetivo indagar como essas diferenças entre os gêneros são percebidas na instituição, quais as expectativas e trajetórias dessas mulheres até chegar à GCM e como as condições de vida e trabalho se apresentam no cotidiano dessas trabalhadoras. A revisão bibliográfica a partir de pesquisas já realizadas no âmbito da Sociologia do Trabalho, da Divisão Sexual do Trabalho e militarização foram o ponto de partida para posterior estudo da legislação que ampara a Guarda Civil Municipal, analisando cronologicamente as mudanças das leis desde 1998. Dessa forma, a metodologia utilizada neste trabalho é um estudo de caso, que se divide em três etapas: análise do referencial teórico, levantamento da construção estrutural do objeto de análise e aplicação de entrevistas e análise do discurso dos sujeitos, a partir de autores como Foucault (2014), Bourdieu (2002), Danièle Kergoat (2003) e Helena Hirata (2007). As entrevistas realizadas revelaram que, mesmo na contemporaneidade, as mulheres integradas em instituições de serviços que expõem o indivíduo a riscos iminentes desempenham funções que ainda reproduzem as representações consolidadas sobre trabalho tido como “feminino” – sendo inferiorizadas e até subjugadas na execução dos serviços, colocadas, em sua maioria, em funções administrativas e excluídas da execução de funções mais valorizadas na corporação. Tais evidências reforçam a necessidade da colaboração entre a gestão pública e a legislação, com a aplicação de ações cotidianas nas instituições, rompendo efetivamente com as assimetrias de gênero na organização do trabalho.