C. Amador, Sandra Lima Coelho, Maria Isabel Guimarães
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Abstract
Neste artigo pretendemos dar maior visibilidade às vivências juvenis do confinamento e chamar a atenção para o impacto do mundo digital, através de uma abordagem na qual este fenómeno é tido como um facto social total que se faz espelhar, de forma teórica e metodológica, nos mais recentes contributos da Sociologia Digital. Apresentamos uma análise dos resultados de um estudo exploratório que incidiu sobre a experiência digital de 43 jovens estudantes do primeiro ano das licenciaturas da Católica Porto Business School. Estes jovens recém-chegados ao Ensino Superior refletiram, através da redação de narrativas biográficas, sobre as suas vivências durante a primeira vaga do surto da Covid-19, que obrigou a um período de confinamento. Os dados recolhidos permitem, por um lado, compreender qual o papel desempenhado pelas redes sociais durante um período de isolamento imposto, durante o qual os contactos presenciais foram desaconselhados e, por outro lado, aquela que foi uma experiência única, de âmbito mundial, de implementação do ensino à distância. Os resultados revelam que estes jovens, nascidos numa geração que surgiu na era da internet e que, nessa medida, tem uma forte relação com o mundo digital, teve nas redes sociais uma aliada contra o isolamento e o afastamento físico. Demonstram, de igual modo, que estes jovens passaram a associar a estes meios sentimentos de desconforto e de exaustão. Paralelamente, a imposição do ensino à distância sem qualquer tipo de preparação por parte das escolas, professores e estudantes teve consequências que se previam nefastas. Contudo, a insatisfação destes jovens face a esta forma de ensino é praticamente generalizada, não só devido à falta de preparação das escolas, mas também às dificuldades de ajustamento dos professores, num ambiente em que os estudantes se sentiram mais suscetíveis a mecanismos de distração e no qual admitiram ser mais difícil manter a concentração.