{"title":"Para além das narrativas sobre concubinagem: gênero, escravidão e liberdade no Caribe Francês (séculos XVIII e XIX)","authors":"Leticia Gregório Canelas","doi":"10.46752/anphlac.31.2021.4037","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Em diferentes zonas de contato nas sociedades escravistas da América e do Caribe, histórias sobre relações entre mulheres negras escravizadas e homens de origem europeia, geralmente seus senhores, foram mencionadas em relatos de viajantes e de missionários, na literatura e em documentos oficiais desde o século XVII, em geral escritos por homens brancos. As imagens construídas sobre as mulheres são frequentemente estereotipadas e suas experiências e atuações invisibilizadas por essas narrativas, o que fomentou a construção de uma imagem racializada e depreciativa sobre as mulheres negras do Caribe Francês, sobretudo a partir do discurso frequente que vinculou alforria e mestiçagem. Neste artigo, visando demonstrar as limitações e os estereótipos presentes nas fontes escritas por homens brancos, exponho resultados de minha pesquisa sobre a conquista da alforria na Martinica, em uma abordagem de história social, procurando demonstrar alguns indícios de experiências de mulheres negras escravizadas nas Antilhas Francesas e suas lutas por sua liberdade e de suas famílias. Desse modo, busco evidenciar a fragilidade do argumento o qual afirma que a mulher negra escravizada teve acesso a sua alforria e de seus filhos predominantemente por meio de suas relações afetivas (e desiguais) com os homens brancos.","PeriodicalId":409997,"journal":{"name":"Revista Eletrônica da ANPHLAC","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-12-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Eletrônica da ANPHLAC","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.46752/anphlac.31.2021.4037","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Em diferentes zonas de contato nas sociedades escravistas da América e do Caribe, histórias sobre relações entre mulheres negras escravizadas e homens de origem europeia, geralmente seus senhores, foram mencionadas em relatos de viajantes e de missionários, na literatura e em documentos oficiais desde o século XVII, em geral escritos por homens brancos. As imagens construídas sobre as mulheres são frequentemente estereotipadas e suas experiências e atuações invisibilizadas por essas narrativas, o que fomentou a construção de uma imagem racializada e depreciativa sobre as mulheres negras do Caribe Francês, sobretudo a partir do discurso frequente que vinculou alforria e mestiçagem. Neste artigo, visando demonstrar as limitações e os estereótipos presentes nas fontes escritas por homens brancos, exponho resultados de minha pesquisa sobre a conquista da alforria na Martinica, em uma abordagem de história social, procurando demonstrar alguns indícios de experiências de mulheres negras escravizadas nas Antilhas Francesas e suas lutas por sua liberdade e de suas famílias. Desse modo, busco evidenciar a fragilidade do argumento o qual afirma que a mulher negra escravizada teve acesso a sua alforria e de seus filhos predominantemente por meio de suas relações afetivas (e desiguais) com os homens brancos.