{"title":"Homens transmasculinos submetidos a tratamento com testosterona: o que observar no rastreio citopatológico cérvico-vaginal","authors":"W. Santos, Claudiane Valéria Oliveira, A. Ferla","doi":"10.5327/dst-2177-8264-202133p059","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Introdução: Homens transexuais mantêm frequentemente órgãos femininos internos e devem receber ações para prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e câncer de colo uterino. Essas ações são escassas/irregulares nos serviços de saúde. Nos rastreios citopatológicos, os exames sofrem interferências da terapia hormonal. Objetivo: Descrever a citomorfologia de exames papanicolau realizados em homens transexuais submetidos a tratamento hormonal com testosterona e qualificar o diagnóstico diferencial, reduzindo resultados falso-positivos. Métodos: Revisão seletiva da literatura, com termos de busca “homens trans” e “citologia de colo uterino”, realizada na base Google Acadêmico, considerando a escassez de fontes, para recuperar artigos científicos, trabalhos de conclusão e documentos oficiais publicados nos últimos 20 anos. Resultados: A literatura revela que homens transexuais submetidos à terapia hormonal com testosterona apresentam, normalmente, alterações compatíveis com inflamação e/ou atrofia nos epitélios cervical uterino e vaginal. As camadas superficial e intermediária do tecido epitelial reduzem-se, e são visíveis células imaturas. No esfregaço citológico, em casos de atrofia com ou sem inflamação, as células epiteliais escamosas podem ser observadas com relação núcleo/citoplasma aumentada, agrupadas e/ou isoladas, com alterações granular e fina na cromatina. As células glandulares endocervicais estão isoladas ou agrupadas em padrão arquitetural normal e com núcleos (cromatina e contorno) regulares. Esfregaços tecnicamente processados pelo método convencional ou base líquida podem apresentar diferenças entre os critérios celulares e resíduo granular no fundo. As amostras citológicas com indício de neoplasia devem ser observadas considerando os critérios de malignidade. Em citologias de homens transexuais sem uso de testosterona, os elementos celulares apresentam-se compatíveis às condições dos hormônios ovarianos, responsáveis pela maturação de epitélio. Conclusão: É recomendado o rastreio citopatológico nos serviços de saúde, com registro de condições clínicas e uso de hormônios. Os profissionais responsáveis pelo diagnóstico necessitam formação específica sobre as alterações produzidas pelos hormônios para qualificar os laudos e as ações oferecidas à população.","PeriodicalId":350000,"journal":{"name":"Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis","volume":"5 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"1900-01-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5327/dst-2177-8264-202133p059","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Introdução: Homens transexuais mantêm frequentemente órgãos femininos internos e devem receber ações para prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e câncer de colo uterino. Essas ações são escassas/irregulares nos serviços de saúde. Nos rastreios citopatológicos, os exames sofrem interferências da terapia hormonal. Objetivo: Descrever a citomorfologia de exames papanicolau realizados em homens transexuais submetidos a tratamento hormonal com testosterona e qualificar o diagnóstico diferencial, reduzindo resultados falso-positivos. Métodos: Revisão seletiva da literatura, com termos de busca “homens trans” e “citologia de colo uterino”, realizada na base Google Acadêmico, considerando a escassez de fontes, para recuperar artigos científicos, trabalhos de conclusão e documentos oficiais publicados nos últimos 20 anos. Resultados: A literatura revela que homens transexuais submetidos à terapia hormonal com testosterona apresentam, normalmente, alterações compatíveis com inflamação e/ou atrofia nos epitélios cervical uterino e vaginal. As camadas superficial e intermediária do tecido epitelial reduzem-se, e são visíveis células imaturas. No esfregaço citológico, em casos de atrofia com ou sem inflamação, as células epiteliais escamosas podem ser observadas com relação núcleo/citoplasma aumentada, agrupadas e/ou isoladas, com alterações granular e fina na cromatina. As células glandulares endocervicais estão isoladas ou agrupadas em padrão arquitetural normal e com núcleos (cromatina e contorno) regulares. Esfregaços tecnicamente processados pelo método convencional ou base líquida podem apresentar diferenças entre os critérios celulares e resíduo granular no fundo. As amostras citológicas com indício de neoplasia devem ser observadas considerando os critérios de malignidade. Em citologias de homens transexuais sem uso de testosterona, os elementos celulares apresentam-se compatíveis às condições dos hormônios ovarianos, responsáveis pela maturação de epitélio. Conclusão: É recomendado o rastreio citopatológico nos serviços de saúde, com registro de condições clínicas e uso de hormônios. Os profissionais responsáveis pelo diagnóstico necessitam formação específica sobre as alterações produzidas pelos hormônios para qualificar os laudos e as ações oferecidas à população.