{"title":"Uma antropologia do “fluxo”: reflexões sobre dependência no contexto do crack","authors":"Y. Alves, Pedro Paulo Gomes Pereira","doi":"10.5007/1807-1384.2019V16N1P121","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O conceito biomédico de dependência não consegue dar conta da atração exercida pelas cenas de uso de crack que vai muito além da necessidade de se consumir uma droga para aliviar a fissura. Uma antropologia do “fluxo”, como são chamados os movimentos e percursos em torno do consumo do crack, permitiu refletir sobre o porquê da existência de cracolândias e questionar certas dimensões da chamada dependência química. Prazer e sofrimento passam a ser considerados em sua dimensão social: a satisfação proporcionada em desfrutar da companhia de outros usuários e o constrangimento provocado pelo estigma em torno da droga. A conexão com os parças e a relações estabelecidas nas ruas possibilitam a fruição dos efeitos desejados da substância e ensinam modos de viver e perceber a cidade.","PeriodicalId":203467,"journal":{"name":"Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2019-02-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"4","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5007/1807-1384.2019V16N1P121","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
O conceito biomédico de dependência não consegue dar conta da atração exercida pelas cenas de uso de crack que vai muito além da necessidade de se consumir uma droga para aliviar a fissura. Uma antropologia do “fluxo”, como são chamados os movimentos e percursos em torno do consumo do crack, permitiu refletir sobre o porquê da existência de cracolândias e questionar certas dimensões da chamada dependência química. Prazer e sofrimento passam a ser considerados em sua dimensão social: a satisfação proporcionada em desfrutar da companhia de outros usuários e o constrangimento provocado pelo estigma em torno da droga. A conexão com os parças e a relações estabelecidas nas ruas possibilitam a fruição dos efeitos desejados da substância e ensinam modos de viver e perceber a cidade.