{"title":"La Cité des Dames e o triunfo das mulheres de Christine de Pizan: Aspectos de uma cidade feminina fundada na demolição do legado da misoginia medieval","authors":"P. Fonseca","doi":"10.22478/ufpb.1807-8214.2020v30n1.54633","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Pelo viés da leitura intertextual, este artigo pretende questionar e refletir sobre a ideia de cidade em A cidade das Damas, de autoria de Christine de Pizan, idealizada em 1405, com o propósito de dialogar sobre construção dessa cidade feminina a partir de uma leitura crítica ressignificante das realidades das mulheres expostas pela ideologia da misoginia medieval. Para tanto, serão identificados e discutidos alguns temas e questões pertinentes à visão misógina dos representantes desse gênero de literatura medieval, cujos pronunciamentos antifemininos acham-se presentes no livro de Christine de Pizan. A principal contribuição do seu texto consiste na originalidade temporã de sua autora em argumentar e propor a construção de uma cidade favorável à ideia de inclusão e diálogo de e para mulheres. Trata-se de uma cidade engendrada para promover, através do seu exemplo, a emancipação das mulheres do jugo misógino da tradicional visão masculina. Nesse sentido, pioneira e adventícia para a sua época, a metáfora da construção em A Cidade das Damas de Christine de Pizan, dá um novo sentido ao arcano simbolismo da tessitura feminina de lastro misógino, para propor uma tomada de consciência da condição histórica e cultural das mulheres, naqueles tempos de robustas adaptações literárias vernaculares do legado da misoginia na tardia Idade Média. Mutatis mutandis, não fosse a questão de propriedade epistemológica, Christine de Pizan já teria sido, no final da Idade Média, uma voz de decolonialidade do discurso misógino hegemônico, caso, como se verá, ela não tivesse reproduzido, no seu discurso, maneiras e modos de ser do tradicional discurso da colonialidade das mulheres. ","PeriodicalId":438381,"journal":{"name":"Revista Ártemis","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2020-12-22","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Ártemis","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.22478/ufpb.1807-8214.2020v30n1.54633","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Pelo viés da leitura intertextual, este artigo pretende questionar e refletir sobre a ideia de cidade em A cidade das Damas, de autoria de Christine de Pizan, idealizada em 1405, com o propósito de dialogar sobre construção dessa cidade feminina a partir de uma leitura crítica ressignificante das realidades das mulheres expostas pela ideologia da misoginia medieval. Para tanto, serão identificados e discutidos alguns temas e questões pertinentes à visão misógina dos representantes desse gênero de literatura medieval, cujos pronunciamentos antifemininos acham-se presentes no livro de Christine de Pizan. A principal contribuição do seu texto consiste na originalidade temporã de sua autora em argumentar e propor a construção de uma cidade favorável à ideia de inclusão e diálogo de e para mulheres. Trata-se de uma cidade engendrada para promover, através do seu exemplo, a emancipação das mulheres do jugo misógino da tradicional visão masculina. Nesse sentido, pioneira e adventícia para a sua época, a metáfora da construção em A Cidade das Damas de Christine de Pizan, dá um novo sentido ao arcano simbolismo da tessitura feminina de lastro misógino, para propor uma tomada de consciência da condição histórica e cultural das mulheres, naqueles tempos de robustas adaptações literárias vernaculares do legado da misoginia na tardia Idade Média. Mutatis mutandis, não fosse a questão de propriedade epistemológica, Christine de Pizan já teria sido, no final da Idade Média, uma voz de decolonialidade do discurso misógino hegemônico, caso, como se verá, ela não tivesse reproduzido, no seu discurso, maneiras e modos de ser do tradicional discurso da colonialidade das mulheres.