{"title":"Microquímica do poder: psicofármacos, neoliberalismo e governo de condutas","authors":"Silvio De Azevedo Soares","doi":"10.4013/csu.2022.58.2.01","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Neste artigo procuro descrever certos efeitos políticos e subjetivos que se podem desdobrar do discurso psiquiátrico contemporâneo referente ao uso de psicofármacos (em especial, do Prozac). Para isso, circunscrevo – como unidades de análise – manuais de psiquiatria e psicofarmacologia, manual de saúde mental do Ministério da Saúde, publicações da Associação Brasileira de Psiquiatria e o best-seller internacional Ouvindo o Prozac do psiquiatra estadunidense Peter Kramer. Diante dos conteúdos desse corpus documental examino: a) como, nesses enunciados, se traçam ações de poder-sujeição e de governo de condutas; b) como esse conjunto de proposições sobre psicofármacos pode integrar uma estratégia neoliberal de governo das condutas (em nome da recuperação, manutenção ou potencialização do capital humano dos indivíduos). O argumento deste trabalho é que o atual dispositivo psicofármacos configura-se como um dos elementos táticos de uma biopolítica neuromolecular que apresenta convergências com as estratégias neoliberais de governo das condutas do sujeito “empresário de si”.","PeriodicalId":143086,"journal":{"name":"Ciências Sociais Unisinos","volume":"66 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-02-17","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Ciências Sociais Unisinos","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.4013/csu.2022.58.2.01","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Neste artigo procuro descrever certos efeitos políticos e subjetivos que se podem desdobrar do discurso psiquiátrico contemporâneo referente ao uso de psicofármacos (em especial, do Prozac). Para isso, circunscrevo – como unidades de análise – manuais de psiquiatria e psicofarmacologia, manual de saúde mental do Ministério da Saúde, publicações da Associação Brasileira de Psiquiatria e o best-seller internacional Ouvindo o Prozac do psiquiatra estadunidense Peter Kramer. Diante dos conteúdos desse corpus documental examino: a) como, nesses enunciados, se traçam ações de poder-sujeição e de governo de condutas; b) como esse conjunto de proposições sobre psicofármacos pode integrar uma estratégia neoliberal de governo das condutas (em nome da recuperação, manutenção ou potencialização do capital humano dos indivíduos). O argumento deste trabalho é que o atual dispositivo psicofármacos configura-se como um dos elementos táticos de uma biopolítica neuromolecular que apresenta convergências com as estratégias neoliberais de governo das condutas do sujeito “empresário de si”.