Redes Sociais em Práticas de Delinquência Juvenil: Usos e Ilícitos Recenseados na Justiça Juvenil em Portugal

Maria João Leote de Carvalho
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Abstract

Na atualidade, o forte envolvimento dos jovens em redes sociais suscita o questionamento sobre potenciais efeitos multiplicadores de riscos e oportunidades para práticas de delinquência. Nem sempre é simples distinguir uma ação online inofensiva, parte integrante da experimentação social/relacional típica da adolescência, de um facto que passa a constituir um ilícito passível de intervenção judicial. Este artigo procura conhecer e discutir como o uso de redes sociais se materializa nos factos qualificados pela lei penal como crime praticados por jovens, entre os 12 e os 16 anos, no quadro da justiça juvenil em Portugal. Recorre-se à análise exploratória de informação qualitativa recolhida em Tribunal de Família e Menores, nos processos tutelares educativos de 201 jovens, de ambos os sexos. Pouco mais de terço da população viu provado o envolvimento em ilícitos com recurso a redes sociais, em três níveis diferenciados: planeamento/organização, execução e disseminação. A participação múltipla em redes sociais é dominante. É significativa a sobrerrepresentação das raparigas enquanto autoras de ilícitos, especialmente com elevado grau de violência, num continuum online-offline. A maioria dos factos analisados, de ambos os sexos, tem no epicentro, a perceção de que a honra pessoal foi atingida e requer reparação. Daí ao ato violento é um passo curto, o que pode levar à reconfiguração e troca de papéis entre vítima e agressor, nem sempre fácil de provar. Para ambos os sexos, as relações criadas a partir da escola dominam a interação entre agressores-vítimas. Mais do que o anonimato que o digital pode proporcionar, transparece a necessidade de afirmação no espaço público e/ou semiprivado, constituindo a ação violenta o catalisador para ganhar respeito pela imediata gratificação, que as redes sociais oferecem, num continuum online-offline que dá corpo à “onlife” (Floridi, 2017) que caracteriza a vida dos jovens no presente.
青少年犯罪中的社交网络:葡萄牙青少年司法中记录的使用和非法行为
如今,年轻人对社交网络的强烈参与引发了人们对犯罪行为的潜在风险和机会倍增效应的质疑。将无害的网络行为(青少年典型的社会/关系实验的一部分)与可能受到司法干预的非法行为区分开来并不总是简单的。本文旨在了解和讨论在葡萄牙青少年司法框架内,社交网络的使用是如何在刑法规定的12至16岁青少年犯罪的事实中具体化的。对家庭法庭和未成年人收集的定性信息进行了探索性分析,对201名男女青少年的教育监护过程进行了分析。略多于三分之一的人口在三个不同的层面上参与了利用社交网络的非法活动:规划/组织、执行和传播。社交网络的多重参与占主导地位。在线上和线下连续体中,女孩作为非法行为,特别是高度暴力行为的犯罪者的比例过高。大多数被分析的事实,无论男女,都认为个人荣誉受到了伤害,需要赔偿。因此,暴力行为只是一个简短的步骤,它可能导致受害者和施暴者之间的角色重新配置和交换,这并不总是容易证明的。对于两性来说,学校创造的关系主导着施虐者和受害者之间的互动。最的匿名数字可以提供需要的显示在公共空间和/或semiprivado,暴力行动为满足立即赢得尊重的催化剂,社交网络提供了一个连续在线-offline给身体“onlife”(Floridi, 2017)的年轻人生活在当下。
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