{"title":"Levadas e moinhos de água na ilha da Madeira – Utilização da água com fins múltiplos - gestão histórica","authors":"Hartmut Wittenberg, Christiane Rhode","doi":"10.5894/rh43n1-cti1","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Há seiscentos anos, Portugal tomou posse da ilha da Madeira, então desabitada e densamente arborizada. Enquanto a precipitação é maior nas zonas altas do Norte, o sul subtropical é mais adequado para a agricultura irrigada. O cultivo da cana e a produção de açúcar, além da queima de florestas, mudaram a ilha nos primeiros cem anos, devido ao alto consumo de água e energia. Os colonos construíram seus próprios canais chamados levadas para desviar a água dos córregos e fontes para seus campos. Quando o estado assumiu o controlo, levadas de mais de 100 km de extensão foram construídas para fornecer água de norte a sul. Técnicas de escavação de canais em topografia rugosa e em formações rochosas íngremes foram desenvolvidas. Nas secções ingremes das levadas construíram moinhos de água, onde convertiam a energia de queda em energia hidráulica útil para cortar madeira, moer cereais e produzir açúcar. Os moinhos eram acionados por rodas de água a jato livre horizontais rodízio, antecessoras das modernas turbinas Pelton, com quedas entre 4 e 35 m. Construídos e operados desde a colonização, os moinhos foram abandonados ou convertidos no século passado, enquanto a maioria das levadas ainda transporta água de irrigação. Hoje, os trilhos de manutenção ao longo das levadas abrem paisagens para caminhadas e trekking de valor turístico único. O foco deste estudo é o funcionamento hidráulico e a tecnologia de levadas e moinhos e a sua interação, sobre o qual se encontra pouco na literatura. A exploração dos restos de 21 moinhos de água e suas levadas permite conclusões sobre caudais, irrigação, mecânica e operação dos moinhos, rendimento energético e produção de farinha. Hoje, os modernos esquemas hidroelétricos e de armazenamento de bombas da Madeira seguem o mesmo espírito de uso otimizado da água para a produção de energia antes de ser gasto em irrigação e uso público.","PeriodicalId":314492,"journal":{"name":"Revista Recursos Hídricos","volume":"13 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-03-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Recursos Hídricos","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5894/rh43n1-cti1","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Há seiscentos anos, Portugal tomou posse da ilha da Madeira, então desabitada e densamente arborizada. Enquanto a precipitação é maior nas zonas altas do Norte, o sul subtropical é mais adequado para a agricultura irrigada. O cultivo da cana e a produção de açúcar, além da queima de florestas, mudaram a ilha nos primeiros cem anos, devido ao alto consumo de água e energia. Os colonos construíram seus próprios canais chamados levadas para desviar a água dos córregos e fontes para seus campos. Quando o estado assumiu o controlo, levadas de mais de 100 km de extensão foram construídas para fornecer água de norte a sul. Técnicas de escavação de canais em topografia rugosa e em formações rochosas íngremes foram desenvolvidas. Nas secções ingremes das levadas construíram moinhos de água, onde convertiam a energia de queda em energia hidráulica útil para cortar madeira, moer cereais e produzir açúcar. Os moinhos eram acionados por rodas de água a jato livre horizontais rodízio, antecessoras das modernas turbinas Pelton, com quedas entre 4 e 35 m. Construídos e operados desde a colonização, os moinhos foram abandonados ou convertidos no século passado, enquanto a maioria das levadas ainda transporta água de irrigação. Hoje, os trilhos de manutenção ao longo das levadas abrem paisagens para caminhadas e trekking de valor turístico único. O foco deste estudo é o funcionamento hidráulico e a tecnologia de levadas e moinhos e a sua interação, sobre o qual se encontra pouco na literatura. A exploração dos restos de 21 moinhos de água e suas levadas permite conclusões sobre caudais, irrigação, mecânica e operação dos moinhos, rendimento energético e produção de farinha. Hoje, os modernos esquemas hidroelétricos e de armazenamento de bombas da Madeira seguem o mesmo espírito de uso otimizado da água para a produção de energia antes de ser gasto em irrigação e uso público.