{"title":"PEQUENA HISTÓRIA DO PLANEJAMENTO CABOCLO (HOMENAGEM A ROMULO ALMEIDA)","authors":"F. Pedrão","doi":"10.9771/rebap.v0i1.50927","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este estudo focaliza no período de 1950 a 1962 quando se configurou uma reação nacionalista ao modelo conservador representante da economia cafeeira exportadora, liderado por Eugenio Gudin e Otavio Bulhões. Estende-se a alguns efeitos de desdobramento da construção de uma visão nacional e da defesa renitente das exportações primárias. Mas aquele conservadorismo tinha encontrado seu limite na negativa da doutrina Truman que obrigou o governo Dutra a iniciativas nacionalistas. Foram criados órgãos regionais como a Comissão do Vale do Rio São Francisco e começou o programa de barragens, a maioria das quais com vazão insuficiente e salinizadas.Engrossando a corrente nacional apareceu um pensamento da pequena burguesia, principalmente no Rio de Janeiro, onde havia uma numerosa classe média em empregos públicos, evidenciando abismos ideológicos com a classe média paulista aparelhada pelo capital e com a mineira carola. A proliferação de indústrias de pequeno porte respondeu a um mercado interno em expansão nos grandes centros. Com a concentração bancáriaapareceu o grande capital financeiro que terminou financiando os golpesmilitares. Surgiram trabalhos que foram canalizados na revista Econômica Brasileira tratando de comércio inter-regional e pleiteando a criação de um banco central. A intelectualidade brasileira descobria o mundo exterior.Mas a endogenia da sociedade pós escravista impregnava a economia e a sociologia, onde apareceram trabalhos de Werneck Sodré, Sergio Buarque e Florestan Fernandes. Na cúpula política, onde pontuavam figuras como Francisco de Campos e Benedito Valadares ninguém ligava para a relação da economia com a sociedade: era um discurso da elite para a elite. Formou-se uma polaridade entre o ISEB progressista e universidades católicas e protestantes reacionárias. O setor privado despontava como olado negativo da educação superior, pretendendo um modelo nacionalmente hegemônico, copiado da Sorbonne, de Harvard, de Wisconsin e até de Ohio . No cenário brasileiro havia polarizações regionais, onde prevaleciam várias fontes de coronelismo. No quadro baiano a tradição de insurgência da greve geral de 1919 ficou soterrada na polaridade entre coronelismo e anarquismo. Tendo ficado contra a República e contra a “revolução” de 30, a elite baiana era uma relíquia pós escravista alternada por um comunismo teoricamente avançado, com subcorrentes anarquistas.","PeriodicalId":300290,"journal":{"name":"Revista Brasileira de Administração Política","volume":"44 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-09-06","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Brasileira de Administração Política","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.9771/rebap.v0i1.50927","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este estudo focaliza no período de 1950 a 1962 quando se configurou uma reação nacionalista ao modelo conservador representante da economia cafeeira exportadora, liderado por Eugenio Gudin e Otavio Bulhões. Estende-se a alguns efeitos de desdobramento da construção de uma visão nacional e da defesa renitente das exportações primárias. Mas aquele conservadorismo tinha encontrado seu limite na negativa da doutrina Truman que obrigou o governo Dutra a iniciativas nacionalistas. Foram criados órgãos regionais como a Comissão do Vale do Rio São Francisco e começou o programa de barragens, a maioria das quais com vazão insuficiente e salinizadas.Engrossando a corrente nacional apareceu um pensamento da pequena burguesia, principalmente no Rio de Janeiro, onde havia uma numerosa classe média em empregos públicos, evidenciando abismos ideológicos com a classe média paulista aparelhada pelo capital e com a mineira carola. A proliferação de indústrias de pequeno porte respondeu a um mercado interno em expansão nos grandes centros. Com a concentração bancáriaapareceu o grande capital financeiro que terminou financiando os golpesmilitares. Surgiram trabalhos que foram canalizados na revista Econômica Brasileira tratando de comércio inter-regional e pleiteando a criação de um banco central. A intelectualidade brasileira descobria o mundo exterior.Mas a endogenia da sociedade pós escravista impregnava a economia e a sociologia, onde apareceram trabalhos de Werneck Sodré, Sergio Buarque e Florestan Fernandes. Na cúpula política, onde pontuavam figuras como Francisco de Campos e Benedito Valadares ninguém ligava para a relação da economia com a sociedade: era um discurso da elite para a elite. Formou-se uma polaridade entre o ISEB progressista e universidades católicas e protestantes reacionárias. O setor privado despontava como olado negativo da educação superior, pretendendo um modelo nacionalmente hegemônico, copiado da Sorbonne, de Harvard, de Wisconsin e até de Ohio . No cenário brasileiro havia polarizações regionais, onde prevaleciam várias fontes de coronelismo. No quadro baiano a tradição de insurgência da greve geral de 1919 ficou soterrada na polaridade entre coronelismo e anarquismo. Tendo ficado contra a República e contra a “revolução” de 30, a elite baiana era uma relíquia pós escravista alternada por um comunismo teoricamente avançado, com subcorrentes anarquistas.