César Henrique Silva Rezende, Eduardo Camargo Aguiar, S. Mansano
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Abstract
O corpo é historicamente atravessado por processos de subjetivação que vigoram diferentemente a cada tempo. Atualmente, ele tem se desenvolvido segundo os imperativos da racionalidade neoliberal, que é uma configuração específica do capitalismo proveniente de flexibilidade, com alto desempenho e produtividade. Nesse cenário, o sujeito tende a compreender aos valores capitalistas como naturais e indispensáveis para vida. Exemplo disso é o profissional denominado freelancer que atua sem garantias dos vínculos empregatícios e recebe por dia ou hora trabalhados. Capturado pelos valores disseminados pela racionalidade neoliberal, esse profissional se torna a personificação do empresário de si mesmo, colocando-se como alguém flexível e que zela pelo aprimoramento constante do desempenho. O presente artigo teve como objetivo compreender como o corpo do trabalhador freelancer se conecta a essa racionalidade neoliberal, fortalecendo-a. Adotando uma metodologia qualitativa, descritiva e de campo, foram combinados roteiros semiestruturados com três trabalhadores freelancers. Os dados apresentam como exigências recaem sobre o corpo desse trabalho a fim de que o mesmo desenvolva novas características e utilidades compatíveis com tais valores. Valendo-se de tecnologias de comunicação, o trabalhador é convocado a colocar em cena suas relações sociais e afetivas com vistas a ampliar a produção. Ao final do estudo foi possível constatar que o freelancer se tornou uma espécie de modelo para o trabalho contemporâneo à medida que se conecta à racionalidade neoliberal, reproduzindo e reforçando seus pressupostos.