L. Nascimento, Paulo De Freitas Castro Fonseca, Juciane Pereira de Jesus, Jéfte Batista de Oliveira
{"title":"Poder oracular e ecossistemas digitais de comunicação:","authors":"L. Nascimento, Paulo De Freitas Castro Fonseca, Juciane Pereira de Jesus, Jéfte Batista de Oliveira","doi":"10.4013/fem.2021.232.13","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O Brasil tem se consolidado como um exemplo negativo para a gestão da crise sanitária na pandemia. Apesar disso, levantamentos recentes indicam que uma parte significativa da população mantém intacto seu apoio e confiança no governo federal e em sua estratégia de gestão da Covid-19. A fim de contribuir para a compreensão sobre como se caracterizam a epistemologia e a arquitetura comunicacional digital do bolsonarismo, este trabalho analisa, a partir do referencial teórico dos estudos sociais da ignorância, os debates sobre a pandemia de Covid-19 em um grupo de apoiadores do presidente Bolsonaro no Telegram. A partir de 188.198 mensagens de texto compartilhadas no período de janeiro a dezembro de 2020, foram filtradas e analisadas as comunicações relacionadas com três posicionamentos controversos do governo federal: a oposição às medidas de distanciamento social, a defesa do uso da hidroxicloroquina como tratamento precoce para a Covid-19 e, por fim, a negligência e/ou descrédito em relação à vacinação. Argumentamos ser possível compreender a atuação do presidente Bolsonaro como um exercício de poder oracular de um líder populista digital. Isto seria possibilitado pela a arquitetura das comunicações em redes digitais bolsonaristas, que se configuram como um ecossistema midiático multiplataforma baseado na sensação de uma conexão direta entre líder e povo. Além disso, a análise aponta que, ao contrário de negar a credibilidade e legitimidade da ciência, o bolsonarismo opera demarcações de fronteiras de ignorância por dentro da própria ciência. \nPalavras-chave: Covid-19, ignorância, bolsonarismo.\n","PeriodicalId":117168,"journal":{"name":"Fronteiras - estudos midiáticos","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-09-14","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"1","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Fronteiras - estudos midiáticos","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.4013/fem.2021.232.13","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 1
Abstract
O Brasil tem se consolidado como um exemplo negativo para a gestão da crise sanitária na pandemia. Apesar disso, levantamentos recentes indicam que uma parte significativa da população mantém intacto seu apoio e confiança no governo federal e em sua estratégia de gestão da Covid-19. A fim de contribuir para a compreensão sobre como se caracterizam a epistemologia e a arquitetura comunicacional digital do bolsonarismo, este trabalho analisa, a partir do referencial teórico dos estudos sociais da ignorância, os debates sobre a pandemia de Covid-19 em um grupo de apoiadores do presidente Bolsonaro no Telegram. A partir de 188.198 mensagens de texto compartilhadas no período de janeiro a dezembro de 2020, foram filtradas e analisadas as comunicações relacionadas com três posicionamentos controversos do governo federal: a oposição às medidas de distanciamento social, a defesa do uso da hidroxicloroquina como tratamento precoce para a Covid-19 e, por fim, a negligência e/ou descrédito em relação à vacinação. Argumentamos ser possível compreender a atuação do presidente Bolsonaro como um exercício de poder oracular de um líder populista digital. Isto seria possibilitado pela a arquitetura das comunicações em redes digitais bolsonaristas, que se configuram como um ecossistema midiático multiplataforma baseado na sensação de uma conexão direta entre líder e povo. Além disso, a análise aponta que, ao contrário de negar a credibilidade e legitimidade da ciência, o bolsonarismo opera demarcações de fronteiras de ignorância por dentro da própria ciência.
Palavras-chave: Covid-19, ignorância, bolsonarismo.