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Abstract
No texto das Confissões, de Agostinho de Hipona, encontram-se praticamente todos os registros relativos à existência de Mônica, sua mãe. No entanto, a análise literária desses dados revela uma profunda intertextualidade com os originais clássicos latinos e com os textos bíblicos, o que permite a percepção de uma grande artificialidade narrativa de sua descrição biográfica. Afinal, por um lado, Mônica carrega traços hipotextuais virgilianos de Dido, de Anquises e da mãe de Euríalo; por outro lado, ela é descrita sob as alusões de Paulo de Tarso e de Cristo. Além disso, as incertezas quanto à origem de seu nome, aliadas a uma nova possibilidade de radicação etimológica aqui apresentada, acentuam o caráter exemplar dessa suposta Vita Monnicae, cuja protagonista se tornou o paradigma cristão da maternidade. Desse modo, o relato biográfico de Mônica pôde embasar toda a prática devocional iniciada no século XV, por explícito interesse da Sé Papal e da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho.