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Abstract
As últimas décadas do século XX e os primeiros vinte anos do século XXI têm sido marcados por transformações sociais, políticas, culturais e econômicas que repercutiram diretamentesobre o mundo do trabalho e na dinâmica dos lugares, expondo os trabalhadores a condições laborais degradantes. Todavia, face as perversidades sistemáticas e estruturais do modo deprodução capitalista emergem nas periferias outras lógicas de organização do trabalho e sociabilidade, pautadas na práxis e em princípios mais humanos e solidários. Este artigo seapresenta como um ensaio teórico, a partir do qual se objetiva apresentar reflexões sobre a precarização do trabalho no período histórico atual e sua interface com a consolidação daseconomias sociais e solidárias. O esforço realizado visa evidenciar a relação direta entre os movimentos contra hegemônicos e os lugares, estes devendo ser pensados a partir das dinâmicas e processos associados a reprodução social dos homens pobres e lentos. Para construção das reflexões propostas foi basilar a aproximação e interlocução com as ideias de Marx (2004), Lipietz (1991), Antunes e Alves (2004), Harvey (2011; 2018) e Santos (2009; 2010). Com base nas assertivas construídas sugere-se que a construção, presente e futura, de uma outra forma de relação com o trabalho e com os indivíduos, perpassa essencialmente pelos lugares e vem sendo tecida cotidianamente pelos homens mais simples a partir da criatividade, comunicabilidade, fraternidade e solidariedade.