Marina Deorce de Lima, Izabella Cardoso Lara, Franco Luís Salume Costa, L. Aguiar, Izadora Novaes Bohier, Lavinya Araujo Callegari, Jacob Henrique da Silva Klippel, Julienne Dadalto dos Santos, Lohanna Abreu de Araujo, Carolina Loyola Prest Ferrugini
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Abstract
Introdução: Mais de 1 milhão de casos de sífilis são diagnosticados em gestantes anualmente, sendo grande parte não tratada ou tratada inadequadamente. Isso ocorre por inúmeras falhas no acompanhamento pré-natal, podendo resultar em óbito fetal, morte neonatal, prematuridade, baixo peso ao nascer e sífilis congênita. De fato, sem tratamento, estima-se que 70% das gestantes com sífilis terão complicações na gravidez. Objetivo: Descrever os casos de óbitos perinatais ocorridos em um hospital universitário no Espírito Santo de janeiro de 2018 a abril de 2021. Métodos: Foram analisados prontuários hospitalares de 11 gestantes, a fim de obter dados relacionados à história clínica e aos exames complementares realizados. Resultados: A idade das pacientes variou de 15 a 34 anos (média: 22.2), estando cinco no segundo trimestre da gestação e seis no terceiro. Para a confirmação do diagnóstico de sífilis, foi realizado teste rápido treponêmico associado ao Estudo Laboratorial de Doenças Venéreas. Também foram efetuados testes para vírus da imunodeficiência humana, HBsAg e hepatite C, cujos resultados foram não reagentes. A porcentagem de gestantes cujo número de consultas pré-natais foi abaixo do mínimo recomendado foi de 82% (média: 3.9 consultas). Verificou-se que três gestantes faziam uso de substâncias psicoativas (álcool, nicotina, cocaína e maconha). Quanto ao desfecho, foram observados seis natimortos e seis neomortos, sendo dois gemelares e todos com peso adequado para idade gestacional. Destaca-se que apenas dois pacientes relacionavam-se com parceiros em tratamento para a sífilis. Conclusão: Os casos relatados evidenciam que, mesmo com tratamento disponível e eficaz, a sífilis é uma causa importante de óbito perinatal. Assim, recomenda-se que toda gestante tenha acesso a pré-natal adequado, com testagem para sífilis na primeira consulta e no terceiro trimestre, tornando-se imprescindível a triagem e o tratamento do parceiro para a erradicação da bactéria. A conscientização sobre a importância do pré-natal demonstra-se fundamental na mitigação de tais desfechos gestacionais devastadores.