{"title":"Contra a ética da ecologia do medo: por uma mudança nos objetivos de intervenção na natureza","authors":"Oscar Horta","doi":"10.5007/1677-2954.2017V16N1P165","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Seres humanos intervem frequentemente na natureza por razoes antropocentricas ou ambientalistas. Um exemplo de intervencao consiste na reintroducao de lobos em areas previamente habitadas por eles com a finalidade de se criar o que e conhecido como “ecologia do medo”. Na primeira parte deste artigo discutem-se as razoes que tem sido utilizadas em favor dessa medida, e explica-se por que sao incompativeis com um enfoque nao especista. Para tal, expoem-se os motivos pelos quais tal medida prejudica notavelmente animais como os cervos, sem tampouco ser benefica para os proprios lobos. Em seguida, argumenta-se que, se abandonamos uma perspectiva especista, devemos mudar por completo o modo pelo qual intervimos na natureza. Em vez de intervir por motivos ecologistas ou antropocentricos, nosso objetivo ao faze-lo deve ser o de reduzir os danos sofridos pelos animais nao humanos. A visao idilica segundo a qual os animais nao humanos vivem vidas paradisiacas na natureza e completamente incorreta, e de fato ha fortes razoes para considerar que o sofrimento e a morte prematura prevalecem de forma clara sobre a felicidade desses animais. Isso faz com que seja ainda mais importante que nosso objetivo seja melhorar sua situacao e dar-lhes nossa ajuda, em vez de causar-lhes danos. Isso entra em conflito de maneira significativa com alguns ideais ecologistas fundamentais cuja defesa nao e compativel com a consideracao dos interesses dos animais nao humanos.","PeriodicalId":143268,"journal":{"name":"Ethic@: an International Journal for Moral Philosophy","volume":"1 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2017-08-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Ethic@: an International Journal for Moral Philosophy","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5007/1677-2954.2017V16N1P165","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Seres humanos intervem frequentemente na natureza por razoes antropocentricas ou ambientalistas. Um exemplo de intervencao consiste na reintroducao de lobos em areas previamente habitadas por eles com a finalidade de se criar o que e conhecido como “ecologia do medo”. Na primeira parte deste artigo discutem-se as razoes que tem sido utilizadas em favor dessa medida, e explica-se por que sao incompativeis com um enfoque nao especista. Para tal, expoem-se os motivos pelos quais tal medida prejudica notavelmente animais como os cervos, sem tampouco ser benefica para os proprios lobos. Em seguida, argumenta-se que, se abandonamos uma perspectiva especista, devemos mudar por completo o modo pelo qual intervimos na natureza. Em vez de intervir por motivos ecologistas ou antropocentricos, nosso objetivo ao faze-lo deve ser o de reduzir os danos sofridos pelos animais nao humanos. A visao idilica segundo a qual os animais nao humanos vivem vidas paradisiacas na natureza e completamente incorreta, e de fato ha fortes razoes para considerar que o sofrimento e a morte prematura prevalecem de forma clara sobre a felicidade desses animais. Isso faz com que seja ainda mais importante que nosso objetivo seja melhorar sua situacao e dar-lhes nossa ajuda, em vez de causar-lhes danos. Isso entra em conflito de maneira significativa com alguns ideais ecologistas fundamentais cuja defesa nao e compativel com a consideracao dos interesses dos animais nao humanos.