Apresentação

Izani Mustafá, I. Mitozo
{"title":"Apresentação","authors":"Izani Mustafá, I. Mitozo","doi":"10.18616/rdsd.v8i1.7665","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A edição de número 1 de 2022, da Revista Desenvolvimento Socioeconômico em Debate (RDSD), do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico da UNESC - Universidade do Extremo Sul Catarinense (Mestrado & Doutorado), foi produzida e publicada num momento político e social histórico. Esta edição conta com o Dossiê Temático: Poder, Mídia e Democracia: usos e abusos, que de sua chamada para os artigos, em 1º de julho de 2022, até a finalização das revisões, abarcou o processo eleitoral do Brasil, momento no qual as Fake News ganharam espaço nas redes sociais e nos canais de conversa como WhatsApp e Telegram, em uma guerra de informações nas mídias tradicionais, incluindo o espaço das propagandas eleitorais gratuitas no rádio e na televisão. O dossiê conta com cinco artigos que refletem sobre os últimos anos do Brasil, inseridos em um contexto histórico, no qual fica claro que, infelizmente, a mídia, compreendida como espaço que reúne todos os meios de comunicação – jornal, rádio, televisão, revista, internet – foi e continua sendo um importante instrumento utilizado para legitimar e/ou desestruturar posições nos campos da economia, da política e da cultura. É, sem dúvida, um espaço de disputa de poder. \nA primeira pesquisa O “mundo cão” e a tropa de elite: a discriminação da violência sagrada e da violência profana, do mestre Leonardo Corrêa Figueira (UFF) e doutor Marcos e Alexandre dos Santos Albuquerque (UERJ), analisa o longa-metragem Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro (2010), do diretor José Padilha, a partir dos conceitos de “violência profana” e violência sagrada”. Os autores observam atentamente como a discriminação está presente em alguns personagens. De um lado estão os que são éticos e se consideram moralmente corretos e podem, assim, praticar a violência de caráter sagrado. Do outro lado estão os corruptos e imorais que praticam a violência de caráter profano. Dois tipos de violências e sem justificativas. Maquiavel e Foucault estão entre os autores que contribuem para a compreensão do maniqueísmo presente na sociedade real e nos programas de televisão sensacionalistas que focam no mundo cão a partir das denúncias e opiniões dos seus apresentadores, sempre cheios de preconceitos e discriminação.   \nO artigo Ressurge a Democracia? A influência da mídia no processo político brasileiro, da mestra Jéssica Maria Bertoli (UFA) e do professor Luiz Antonio Staub Mafra (UFA), utiliza a metodologia da Análise do Discurso, embasado em Fairclough, para estudar dois editorais do Grupo Globo: um de apoio ao regime militar brasileiro (1964) e outro de retratação a esse apoio (2013). Os pesquisadores inserem esses discursos em três categorias de análise e concluem, por exemplo, que a empresa faz uma tentativa de aproximação com seu público, que a partir de fatos históricos tenta justificar o seu posicionamento e deixa aberto como a mídia hegemônica pode e tem uma fala parcial e tendenciosa. Olhando para o cenário atual, eles identificam que casos como esses podem se repetir, principalmente porque não há uma regulamentação dos meios de comunicação. Meios que são concessões públicas e não empresas privadas e, por isso, têm uma função social dentro da sociedade, informando com ética e responsabilidade os fatos do cotidiano. No entanto, ao longo do artigo, os autores identificam a continuação do uso político das mídias e a interferência política presente nas narrativas dos acontecimentos. Mesmo que elas sejam contra a Democracia e em defesa do Grupo. \nNo terceiro artigo, A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) nas páginas do jornal O Globo, o mestre Ramon Lamoso de Gusmão (Universidade Nova de Lisboa) faz uma análise do jornal brasileiro O Globo na cobertura da Guerra Civil Espanhola que aconteceu entre os anos de 1936 e 1939. A história do tempo presente tem sido contestada pelo revisionismo e perdeu força em 2020 quando o governo espanhol apresentou o projeto de Lei da Memória Democrática, substituindo a Lei de Memória Histórica, de 2007. O objetivo é reconhecer e reparar as vítimas dessa guerra e da ditadura franquista. Com a possibilidade de analisar o acervo digitalizado, portanto disponível na internet, o pesquisador faz um estudo detalhado das publicações produzidas por um veículo conservador, no período de 18 de julho de 1936 a 1º de abril de 1939. Para isso, examina o seu objeto a partir de quatro aspectos: o anticomunismo dos nacionalistas; o anticlericalismo dos republicanos; o envolvimento das potências estrangeiras; e o bombardeio de Guernica. De acordo com o autor, essa escolha está fundamentada em autores que estudaram e relataram a história da Guerra Civil. \nNo artigo O papel da imprensa escrita na defesa do programa de desestatização do Governo Figueiredo (1979-1985), a doutoranda Valesca de Souza Almeida (UFF) pesquisa como a imprensa escrita defendeu com entusiasmo o programa de desestatização de empresas realizado pelo último governo da ditatura militar brasileira, do general João Baptista Figueiredo (1979-1985). Ela chama atenção do poder massivo que os meios de comunicação exercem e agem, em alguns momentos, a favor ou contra a Democracia a partir da forma como seus conteúdos são produzidos. Em matérias dos Jornais O Globo, Folha de São Paulo e Jornal do Brasil, a autora identifica elogios à desestatização do governo Figueiredo, com o uso de fontes autorizadas como os próprios donos dos jornais, ministros e representantes de diferentes áreas empresariais. Todos, de alguma forma, defendendo a iniciativa como necessária. Ao mesmo tempo, os jornais não deram espaço para o contraditório. Para aqueles que não concordavam com a desestatização.  \n            O quinto artigo deste dossiê trata de um tema que esteve presente na eleição de 2022 com muito mais força. Com o título A agenda setting das fake news: uma análise da desinformação contra a esquerda brasileira à luz da ciência política, a doutoranda em Ciência Política (UFScar) e Comunicação (UFPR) Miguel Quessada utiliza a análise de discurso para investigar como surgem e como se propagam as desinformações contra a esquerda brasileira e propõe uma tipologia das Fake News utilizadas. O estudo está delimitado a três partidos PC oB, PT e PSOL  e a seis políticos: Fernando Haddad, Jean Wyllys, Manuela D’Ávila, Marcelo Freixo, Maria do Rosário e Marielle Franco. Para completar a pesquisa, a autora observou as desinformações que foram desmentidas por sites e agências de fack-checking, a saber: Aos Fatos, Boatos.org, E-farsas, Lupa e Estadão Verifica. \n            Além do dossiê est edição ainda conta com um relato de experiência com o título de Coleta seletiva de resíduos em prédios residenciais: relato dum experimento que dimensiona o desafio de atender às modestas expectativas da administração municipal e um artigo livre intitulado Desempenho produtivo dos agronegócios da formação sócio-espacial do sul catarinense (2003-2016)","PeriodicalId":131007,"journal":{"name":"Desenvolvimento Socioeconômico em Debate","volume":"130 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-11-11","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Desenvolvimento Socioeconômico em Debate","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.18616/rdsd.v8i1.7665","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract

A edição de número 1 de 2022, da Revista Desenvolvimento Socioeconômico em Debate (RDSD), do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico da UNESC - Universidade do Extremo Sul Catarinense (Mestrado & Doutorado), foi produzida e publicada num momento político e social histórico. Esta edição conta com o Dossiê Temático: Poder, Mídia e Democracia: usos e abusos, que de sua chamada para os artigos, em 1º de julho de 2022, até a finalização das revisões, abarcou o processo eleitoral do Brasil, momento no qual as Fake News ganharam espaço nas redes sociais e nos canais de conversa como WhatsApp e Telegram, em uma guerra de informações nas mídias tradicionais, incluindo o espaço das propagandas eleitorais gratuitas no rádio e na televisão. O dossiê conta com cinco artigos que refletem sobre os últimos anos do Brasil, inseridos em um contexto histórico, no qual fica claro que, infelizmente, a mídia, compreendida como espaço que reúne todos os meios de comunicação – jornal, rádio, televisão, revista, internet – foi e continua sendo um importante instrumento utilizado para legitimar e/ou desestruturar posições nos campos da economia, da política e da cultura. É, sem dúvida, um espaço de disputa de poder. A primeira pesquisa O “mundo cão” e a tropa de elite: a discriminação da violência sagrada e da violência profana, do mestre Leonardo Corrêa Figueira (UFF) e doutor Marcos e Alexandre dos Santos Albuquerque (UERJ), analisa o longa-metragem Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro (2010), do diretor José Padilha, a partir dos conceitos de “violência profana” e violência sagrada”. Os autores observam atentamente como a discriminação está presente em alguns personagens. De um lado estão os que são éticos e se consideram moralmente corretos e podem, assim, praticar a violência de caráter sagrado. Do outro lado estão os corruptos e imorais que praticam a violência de caráter profano. Dois tipos de violências e sem justificativas. Maquiavel e Foucault estão entre os autores que contribuem para a compreensão do maniqueísmo presente na sociedade real e nos programas de televisão sensacionalistas que focam no mundo cão a partir das denúncias e opiniões dos seus apresentadores, sempre cheios de preconceitos e discriminação.   O artigo Ressurge a Democracia? A influência da mídia no processo político brasileiro, da mestra Jéssica Maria Bertoli (UFA) e do professor Luiz Antonio Staub Mafra (UFA), utiliza a metodologia da Análise do Discurso, embasado em Fairclough, para estudar dois editorais do Grupo Globo: um de apoio ao regime militar brasileiro (1964) e outro de retratação a esse apoio (2013). Os pesquisadores inserem esses discursos em três categorias de análise e concluem, por exemplo, que a empresa faz uma tentativa de aproximação com seu público, que a partir de fatos históricos tenta justificar o seu posicionamento e deixa aberto como a mídia hegemônica pode e tem uma fala parcial e tendenciosa. Olhando para o cenário atual, eles identificam que casos como esses podem se repetir, principalmente porque não há uma regulamentação dos meios de comunicação. Meios que são concessões públicas e não empresas privadas e, por isso, têm uma função social dentro da sociedade, informando com ética e responsabilidade os fatos do cotidiano. No entanto, ao longo do artigo, os autores identificam a continuação do uso político das mídias e a interferência política presente nas narrativas dos acontecimentos. Mesmo que elas sejam contra a Democracia e em defesa do Grupo. No terceiro artigo, A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) nas páginas do jornal O Globo, o mestre Ramon Lamoso de Gusmão (Universidade Nova de Lisboa) faz uma análise do jornal brasileiro O Globo na cobertura da Guerra Civil Espanhola que aconteceu entre os anos de 1936 e 1939. A história do tempo presente tem sido contestada pelo revisionismo e perdeu força em 2020 quando o governo espanhol apresentou o projeto de Lei da Memória Democrática, substituindo a Lei de Memória Histórica, de 2007. O objetivo é reconhecer e reparar as vítimas dessa guerra e da ditadura franquista. Com a possibilidade de analisar o acervo digitalizado, portanto disponível na internet, o pesquisador faz um estudo detalhado das publicações produzidas por um veículo conservador, no período de 18 de julho de 1936 a 1º de abril de 1939. Para isso, examina o seu objeto a partir de quatro aspectos: o anticomunismo dos nacionalistas; o anticlericalismo dos republicanos; o envolvimento das potências estrangeiras; e o bombardeio de Guernica. De acordo com o autor, essa escolha está fundamentada em autores que estudaram e relataram a história da Guerra Civil. No artigo O papel da imprensa escrita na defesa do programa de desestatização do Governo Figueiredo (1979-1985), a doutoranda Valesca de Souza Almeida (UFF) pesquisa como a imprensa escrita defendeu com entusiasmo o programa de desestatização de empresas realizado pelo último governo da ditatura militar brasileira, do general João Baptista Figueiredo (1979-1985). Ela chama atenção do poder massivo que os meios de comunicação exercem e agem, em alguns momentos, a favor ou contra a Democracia a partir da forma como seus conteúdos são produzidos. Em matérias dos Jornais O Globo, Folha de São Paulo e Jornal do Brasil, a autora identifica elogios à desestatização do governo Figueiredo, com o uso de fontes autorizadas como os próprios donos dos jornais, ministros e representantes de diferentes áreas empresariais. Todos, de alguma forma, defendendo a iniciativa como necessária. Ao mesmo tempo, os jornais não deram espaço para o contraditório. Para aqueles que não concordavam com a desestatização.              O quinto artigo deste dossiê trata de um tema que esteve presente na eleição de 2022 com muito mais força. Com o título A agenda setting das fake news: uma análise da desinformação contra a esquerda brasileira à luz da ciência política, a doutoranda em Ciência Política (UFScar) e Comunicação (UFPR) Miguel Quessada utiliza a análise de discurso para investigar como surgem e como se propagam as desinformações contra a esquerda brasileira e propõe uma tipologia das Fake News utilizadas. O estudo está delimitado a três partidos PC oB, PT e PSOL  e a seis políticos: Fernando Haddad, Jean Wyllys, Manuela D’Ávila, Marcelo Freixo, Maria do Rosário e Marielle Franco. Para completar a pesquisa, a autora observou as desinformações que foram desmentidas por sites e agências de fack-checking, a saber: Aos Fatos, Boatos.org, E-farsas, Lupa e Estadão Verifica.             Além do dossiê est edição ainda conta com um relato de experiência com o título de Coleta seletiva de resíduos em prédios residenciais: relato dum experimento que dimensiona o desafio de atender às modestas expectativas da administração municipal e um artigo livre intitulado Desempenho produtivo dos agronegócios da formação sócio-espacial do sul catarinense (2003-2016)
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条新闻节目的防御的作用主要是政府Figueiredo(1979 - -1985),博士生Valesca de Souza阿尔梅达(饲料)对平面媒体的研究,用热情为企业的主要程序由巴西军事独裁政府,将军的施洗约翰Figueiredo(1979 - -1985)。它让人们注意到媒体所行使的巨大权力,有时从其内容的产生方式来看,这些权力是支持民主还是反对民主。在《环球报》、《圣保罗页报》和《巴西日报》的文章中,作者引用了报纸所有者、部长和不同商业领域的代表等权威来源,赞扬了Figueiredo政府的私有化。在某种程度上,每个人都认为这是必要的。与此同时,报纸没有给矛盾的空间。对于那些不同意私有化的人。这份档案的第五篇文章讨论了一个在2022年大选中更为突出的主题。新闻标题的议程设置假假情报分析的角度对巴西的左边政治科学,政治学的博士研究生(UFScar)、通讯(michael Quessada UFPR)使用演讲的分析研究和对巴西的左边的虚假信息传播和提出了语言使用的假新闻。这项研究被限制在三个政党PC oB, PT和PSOL和六位政治家:Fernando Haddad, Jean Wyllys, Manuela D ' avila, Marcelo Freixo, Maria do rosario和Marielle Franco。为了完成研究,作者注意到fack-checking网站和机构否认的虚假信息,即:to facts, Boatos.org, e -farsas, Lupa和estadao checking。除了文件的编辑还算不算一个实验报告的标题分离公共建筑:一个实验,调整在市政管理,必须接有期望的挑战和自由的文章《表现高产的农业培训合作伙伴高速公路南圣卡塔琳娜州(2003 - -2016)
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