{"title":"“Máquinas & Outras Vísceras”: Sade, Piva e o antidualismo Queer","authors":"G. Diniz, A. Moura","doi":"10.5007/1807-1384.2021.76035","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"É uma marca de boa parte do pensamento do séc. XX, tanto na literatura quanto na filosofia, a recepção da obra do Marquês de Sade. De fato, já no séc. XVIII, Sade formulara uma série de questões e propusera certos modos de pensar cuja relevância só viria a ser plenamente incorporada no pensamento contemporâneo. Nesse sentido, o pensamento do Marquês de Sade e a literatura e filosofia do séc. XX podem se esclarecer reciprocamente. Neste texto, queremos mostrar a recepção de um tema específico – o antidualismo – em duas instâncias: a poesia surrealista de Roberto Piva e o pensamento queer de Paul Preciado. Mais especificamente, trata-se de analisar como Sade foi recebido – direta ou indiretamente – tanto na literatura quanto na filosofia, por autores e autoras cujo projeto consistia em denunciar os aspectos excludentes ou mesmo potenciais autoritários em visões de mundo dualistas. Buscamos, assim, além de comentar e elucidar aspectos da obra de Sade, de Roberto Piva e de Paul Preciado, mostrar aspectos de uma passagem na história da filosofia contemporânea: a incorporação da filosofia do Marquês de Sade na formulação de um pensamento que enxerga no corpo sexuado e na reflexão filosófico-literária sobre a sexualidade humana uma possibilidade de renovação de aspectos fundantes de uma experiência cultural que encontra, no séc. XX, impasses políticos significativos.","PeriodicalId":203467,"journal":{"name":"Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis","volume":"156 1","pages":"0"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-11-09","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5007/1807-1384.2021.76035","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
É uma marca de boa parte do pensamento do séc. XX, tanto na literatura quanto na filosofia, a recepção da obra do Marquês de Sade. De fato, já no séc. XVIII, Sade formulara uma série de questões e propusera certos modos de pensar cuja relevância só viria a ser plenamente incorporada no pensamento contemporâneo. Nesse sentido, o pensamento do Marquês de Sade e a literatura e filosofia do séc. XX podem se esclarecer reciprocamente. Neste texto, queremos mostrar a recepção de um tema específico – o antidualismo – em duas instâncias: a poesia surrealista de Roberto Piva e o pensamento queer de Paul Preciado. Mais especificamente, trata-se de analisar como Sade foi recebido – direta ou indiretamente – tanto na literatura quanto na filosofia, por autores e autoras cujo projeto consistia em denunciar os aspectos excludentes ou mesmo potenciais autoritários em visões de mundo dualistas. Buscamos, assim, além de comentar e elucidar aspectos da obra de Sade, de Roberto Piva e de Paul Preciado, mostrar aspectos de uma passagem na história da filosofia contemporânea: a incorporação da filosofia do Marquês de Sade na formulação de um pensamento que enxerga no corpo sexuado e na reflexão filosófico-literária sobre a sexualidade humana uma possibilidade de renovação de aspectos fundantes de uma experiência cultural que encontra, no séc. XX, impasses políticos significativos.