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Abstract
O escritor moçambicano Mia Couto se destaca como representante da literatura africana de expressão lusófona identificada como “pós-colonial”, surgida depois da emancipação de países outrora colonizados por Portugal e que, na afirmação de sua identidade (mesmo usando a língua do colonizador), assume um discurso de discordância ou revisão da dominação cultural sofrida por séculos. Contudo, a ficção de Couto transcende a filiação a uma tendência de época, buscando a universalidade. Analisaremos no romance Venenos de Deus, Remédios do Diabo (2008) como a noção de identidade (pessoal, social, histórica) se articula à de memória coletiva na experiência dos principais personagens. Os problemas da “descolonização” sem horizontes são vivenciados por Bartolomeu Sozinho, o velho doente, saudoso dos tempos coloniais. Ele cultiva a memória de um suposto tempo de glória evocado na idealização de sua atividade de marinheiro no navio Infante dom Henrique. As dificuldades do presente o levam a legitimar o discurso do colonizador. Em sentido oposto, a estada do médico português Sidónio em Moçambique, na busca frustrada de um amor, resulta no seu rico envolvimento com o país africano, e aponta para a busca da construção possível de uma identidade a partir do confronto com o diferente.
莫桑比克的作家库托是葡语非洲文学的表达确定为代表的“后殖民”,然后解放曾经被葡萄牙殖民的国家的话,你的身份(使用殖民者的语言),是一个演讲的分歧或被几个世纪文化主导地位的修订。然而,库托的小说超越了时代潮流,寻求普遍性。我们将分析小说Venenos de Deus, remedios do Diabo(2008)中身份的概念(个人的,社会的,历史的)是如何在主要人物的经验中与集体记忆相联系的。没有视野的“非殖民化”问题是巴塞洛缪独自经历的,他是一个老病人,怀念殖民时代。他培养了对所谓辉煌时期的记忆,这是他在Infante dom Henrique船上的水手活动的理想化所唤起的。当前的困难使殖民者的话语合法化。相反,葡萄牙医生sidonio在莫桑比克的停留,在寻找爱情的挫折中,导致了他与非洲国家的丰富参与,并指向了从与不同的对抗中寻找可能的身份构建。