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Abstract
Esse artigo analisa as relações raciais no Brasil a partir de dois conceitos: colorismo e pigmentocracia. Alice Walker cunhou o primeiro conceito para descrever um sistema racial-patriarcal, criado pela comunidade negra estadunidense, que valoriza peles claras em detrimento das peles escuras. Alejandro Lipschütz criou o segundo conceito para descrever as dinâmicas raciais de sociedades latino-americanas, que hierarquizam pessoas segundo características fenotípicas (especialmente a cor da pele). Através da justaposição desses conceitos e da literatura sobre raça e racismo no Brasil, argumenta-se que o termo pigmentocracia capta melhor a realidade brasileira do que o termo colorismo. Afinal, perde-se uma caraterística fundamental das dinâmicas raciais brasileiras ao analisar este país pelas lentes do colorismo: a forma como o mito da democracia racial se estrutura pela ideologia do embranquecimento e pela violência contra a subjetividade da população negra. Já o conceito pigmentocracia ilumina tanto a violência relacionada a valorização de características fenotípicas tidas como europeias quanto a violência relacionada ao mito da democracia racial e a ideologia do embranquecimento.