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Abstract
Grada Kilomba nasceu em Lisboa, com origens em Angola e São Tomé e Príncipe. A teórica, reconhecida também por seu trabalho artístico interdisciplinar, estudou psicologia e psicanálise em sua cidade de nascimento. Ao deixar Portugal, onde foi a única estudante negra de seu departamento e sofreu com o racismo ao longo de seus anos de prática profissional, encontrou em Berlim a proeminência de uma frutífera corrente de intelectuais negras como Audre Lorde, Angela Davis, May Ayim e Du Bois, que muito impactaram seu trabalho. Recebeu uma das mais importantes bolsas do governo alemão para a realização de seu doutorado, trabalho pelo qual ganhou “a mais alta (e rara) distinção acadêmica” (p.11). Deu aula na Universidade de Humboldt e na Freie Universität, principalmente sobre o trabalho de Franz Fanon e bell hooks. Sua tese de doutoramento, transformada no livro de título “Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano”, fala a partir da teoria pós-colonial, psicanálise, estudos de gênero e do feminismo negro. Levou dez anos para chegar traduzida ao Brasil e a Portugal Kilomba refere que a romantização de discursos coloniais e patriarcais não permitiu que isso ocorresse antes (p.13), o que aponta para a relevância da disseminação de seu trabalho. A estrutura do livro conta com quatorze capítulos, sendo os quatro primeiros teóricos, a respeito do colonialismo, trauma, descolonização e da conceituação do racismo, além de problematizar a ideia de quem pode falar, através do processo do subalterno deixar de ser objeto para passar a ser sujeito. Os capítulos seguintes tematizam o racismo cotidiano a